Por que cremos? (Sermo 10)

POR QUE CREMOS?

Aquele que nele crê não será confundido

(Rm 10,11)

Se o Ressuscitado não pode ser visualizado por nossa visão humana, existe a comunidade cristã que, com sua vida e ação, retrata sua imagem e testemunho que ele está vivo. No Quarto Evangelho São João retorna ao assunto da falta de fé de alguns, onde busca responder aos problemas dos cristãos de algumas comunidades que pretendiam só crer depois de ver. Com esse objetivo, o evangelista narra o episódio de Tomé e explica que o Ressuscitado tem uma presença que foge aos nossos sentidos, uma vida que não pode ser tocada ou vista. Somente pode ser objeto da fé.

Nesse particular, a fé é sempre um risco, pois não se trata de tocar e ver, mas de acolher o kérygma tal qual ele é proclamado, e depois colocá-lo em prática. Ao cristão que tem fé não são necessárias aparições ou outras manifestações espetaculares. O som da voz do Senhor (a Escritura) é suficiente para reconhecê-lo e segui-lo. Para Jesus, os bem-aventurados são aqueles que crêem sem ver, porque a fé deles é mais genuína. Quem vê tem a certeza da evidência, possui a prova material, mas não a constatação da fé.

De fato, no que tange às coisas de Deus, é primordial para depois comprovar e compreender. Embora pareça paradoxal, esta afirmação é a que se coaduna com a fé que deve animar nossa vida cristã. Ela aparece nas “formulações” de Santo Anselmo de Cantuária († 1109), em sua clássica obra Proslogion. Estando Deus no centro do mistério, nós nunca poderemos apreendê-lo pelos sentidos ou pela inteligência. O clássico credo ut intelligam (creio para compreender) faz a troca de mão do ônus de compreender, que se torna posterior ao crer:

Senhor, eu não tenho a intenção de penetrar na tua profundidade, porque minha inteligência não poderia, de modo algum, atingi-la. Desejo, porém, compreender algo da tua verdade, que crê e ama meu coração. Não procuro compreender para crer, mas sim crer para compreender, uma vez que estou seguro que, se não cresse não compreenderia.

Falta ao homem de hoje, e por isso o mundo está desse jeito, o modo de conhecer pela contemplação, joelhos em terra, no qual os sentidos são substituídos pela atitude silente e respeitosa de quem está diante do mistério. Assistimos a uma assustadora mutilação dos espíritos, pelos modismos e pela massificação. O problema do homem moderno é que ele rejeita compreender pela fé, e seu desejo de crer acaba naufragando no mar da mediocridade.

É preciso descobrir e cada vez desenvolver mais um modo concreto de vivermos a fé. Conhecemos a graça de Deus e a espiritualidade. É imperioso estabelecer uma ligação delas com a fé. Os termos são indissociáveis e, por este motivo, convergentes. Se pela graça Deus vem ao nosso encontro, amando-nos a adotando-nos como filhos, pela fé nós vamos a ele, respondendo à graça e aderindo ao seu projeto amoroso. Deste modo, a fé é nossa resposta aos dons de Deus. A fé não é cega, mas uma virtude teologal (junto com o amor e a esperança) que prescinde de uma comprovação. Ao contrário, nossos irmãos espíritas criticam nossa forma de viver a fé cristã que dispensa provas e constatações, pois para eles, antes de crer está a necessidade de comprovar racionalmente.

A graça tem na fé sua resposta mais eloqüente e eficaz. É a fé que sustenta a espiritualidade que, por sua vez, leva às obras de misericórdia, à caridade e à acolhida ao outro. Desta forma, sintetizando, a fé é a resposta, imanente, incondicional e completa, que o cristão dá a todo o Plano de Deus. Fortalecidos pela espiritualidade, superamos o mundo de pecado e aderimos ao projeto divino através de nossa fé. É assim que funciona a conversão.

Porque todo aquele que nasceu de Deus venceu o mundo. E

esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé (1Jo 5,4).

O que é ter fé? Ter fé é mais que acreditar. Entro no avião e não vou à cabina pedir para ver o brevê do comandante, nem perguntar quantas horas de vôo ele tem. Simplesmente confio. Ele não estaria ali se não fosse habilitado para aquela função. Nas realidades humanas nós acreditamos, confiamos na capacidade técnica das pessoas. E é aí que se situa o grande paradoxo: confiamos nas instituições dos homens – embora muitas vezes sujeitas a falhas e percalços – e deixamos de confiar em Deus. Relutamos em ter fé na sua providência, hesitamos em aceitar sua misericórdia, teimamos em fugir de sua presença. É preciso fé para desenvolver uma espiritualidade efetiva.

A espiritualidade cristã, não diz respeito somente a alguma outra vida, mas simplesmente à vida humana e abundante. Porém, nosso entendimento sobre esse significado, surge daquilo que a revelação e a tradição cristãs indicam a respeito de Deus, a natureza humana e a relação entre ambos.

A fé torna a espiritualidade uma fonte inesgotável de vida. É o encontro com Deus que nos ajuda a viver melhor e a nos aproximar mais dele. Há pessoas que crêem, são honestas naquilo que acreditam, mas vivem tristes, cansadas, angustiadas, queixando-se de uma certa aridez espiritual. Falta-lhes um sentido, um discernimento na condução de sua vida espiritual. Falta-lhes sobretudo amar, serem amadas, refletir, estudar, agir, se colocarem em marcha. A essa forma dinâmica de relação com Deus, toda ela embasada na graça e na fé, chamamos de espiritualidade. Entrar na presença de Deus, interagir com ele, é torná-lo a única coisa importante: o real sentido de uma vida. Esta é a meta de espiritualidade.

Assim, retornamos à pergunta: o que é fé? Existem conceitos por aí às pencas. Será que todos estão corretos? Será que refletem o verdadeiro sentido da espiritualidade cristã? Dentre tantas, eu prefiro ficar com a definição de São Paulo, contida na Carta aos Hebreus:

A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera; é um meio

de conhecer realidades que não se vêem (11,1).

Nesse contexto eminentemente teológico, vê-se a fé como aquele dinamismo que anima o ser humano a libertar-se dos apelos do pecado e abraçar os dons (a graça) que Deus generosamente lhe oferece. Sendo um acontecimento da graça, a fé é um dom do Espírito Santo, um convite de Deus para que aceitemos seu amor. Nessa aceitação entra em jogo a inteligência (que entende a verdade proposta) e a vontade (que decide livremente pela verdade apreendida através da inteligência). A partir dessas variáveis, fé torna-se um conhecimento que se torna opção e adesão. Nesse particular, a fé é um mistério inefável, pois vê o invisível, espera o impossível e recebe o inacreditável. Nada é mais fantástico do que a fé.

Uma espiritualidade autêntica requer orientar radicalmente a vida para Deus, segundo seu projeto, na direção do Reino. Trata-se daquela união vital entre fé e vida, onde ser cristão não é reduzir a religião a meras práticas mágicas, mas inserir-se nas realidades temporais, através de uma ação que converta e transforme. É ser fermento e luz.

O dom da fé não se restringe a uma simples dimensão pessoal. Ela se descobre na direção de outra instância: a social. À medida que qualquer sistema se abra ao Transcendente, rompendo as atitudes radicais, ele permite o surgimento daquilo que se conhece na teologia como a graça da fé. É uma prática em que o humano e o divino se tocam. Nessa conformidade ontológica, a fé possui uma característica libertadora, capaz de re-unir, perdoar, acolher, rejeitar os ídolos mundanos e instaurar os valores do Reino na sociedade humana.

A fé-convicção na ressurreição de Cristo tornou-se o epicentro do cristianismo que, como força organizadora, sob o influxo do Espírito, amparou aquela comunidade primitiva, a maioria composta de pessoas que não tinham visto a Cristo. Pela forma da fé sentiram a presença do Ressuscitado a animá-los, mesmo nos momentos mais difíceis, de dor, desânimo e perseguição.

A preocupação da Igreja foi a de viver, provar e transmitir o evangelho, calcado na fé da ressurreição e fundamentado nas promessas de Cristo. Sem a fé na ressurreição, pouco adiantaria a pregação (cf. 1Cor 15,17), pois sem a ressurreição não haveria Igreja nem as promessas da salvação (cf. Rm 10,9). É a partir de Pentecostes, sob a orientação de Pedro, que começa a articulação dos discípulos, buscando novas adesões, iniciando os trabalhos de anúncio do Reino de Deus, curas e milagres.

Desde o princípio, o cristão é alguém que, por meio de sua fé, nunca está sozinho, mas acompanhado pela esperança em Jesus: “Tenham confiança, eu venci o mundo” (Jo 16,33); “Estarei com vocês todos os dias, até o fim” (Mt 28,20).

Nós nascemos de Deus pela graça que ele diuturnamente nos oferece. O Pai possui – é inegável – um plano destinado a nos salvar. Esse plano subentende:

• salvação (a graça)

• lugar onde ele acontece (a Igreja)

• campo de atuação do cristão (a comunidade)

• aceitação de Jesus como Senhor da história (espiritualidade)

Nós cremos no amor de Deus. Deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida. No início do ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. No seu evangelho, João expressa esse acontecimento com as palavras abaixo: “Deus amou de tal forma o mundo que lhe deu o seu Filho único para que todo o que nele crer (...) tenha a vida eterna” (3,16). Com a centralidade do amor, a fé cristã acolheu o núcleo da fé de Israel e, ao mesmo tempo, deu a este núcleo uma nova profundidade e amplitude (Bento XVI, DCE).

No sitz im lebem (núcleo central) da verdadeira espiritualidade vemos a fé como uma resposta, uma atitude livre em favor da graça que Deus nos oferece. É pela graça que ele oferece sua amizade e paternidade. Pela fé dissemos sim a esse projeto. A graça é um convite e, ao mesmo tempo, um desafio que Deus nos faz, diretamente à nossa fé e à nossa capacidade de assumir um compromisso com ele. Ás vezes temos dificuldade em viver nossa fé. Sabem por quê? Simplesmente porque confundimos fé com o que não é fé. Por exemplo:

• sentimentalismo (não pode ser reduzido à emotividade)

• pura razão (embora não seja irracional)

• superstição

• fanatismo (Ah, eu tenho fé! Tem mesmo?)

• formalismo (aceitação de partes da doutrina,

costumes, “rezas” para isso e aquilo)

Fugindo das teorizações inócuas, em termos práticos podemos dizer que fé é:

• aceitação

• dom

• presente (algo que vem de graça)

• convite

• desafio

• compromisso

• testemunho

• adesão

• entrega

• forma de vida

Sob tais premissas, é inegável afirmar que não há fé sem um compromisso com as exigências transformadoras do evangelho de Cristo, Só é possível desenvolver uma espiritualidade como adesão a Deus se tivermos fé. Graça e fé são as alavancas da espiritualidade, e ambas pressupõem compromissos de caridade, solidariedade e transformação.

O escolástico Ricardo († 1173) foi um dos expoentes maiores da célebre escola de teologia monástica místico-contemplativa da abadia parisiense de São Victor. É dele a propositura abaixo (In: De Trinitate, Prólogo PL 196, 889-890) em que o cristão, independente de estado, devia estudar teologia, para passar da teoria para a pratica, e da fé para o conhecimento, esforçando-se para compreender aquilo que crê. Seguindo as idéias do escolástico Anselmo, é preciso – como vimos – primeiro crer para depois compreender. Ricardo aprofundou o tema, afirmando que o cristão deve compreender aquilo que crê.

Que ardor não devemos ter por esta fé na qual todo bem tem seu fundamento e encontra sua firmeza! Mas se a fé é origem de todo o bem, o conhecimento é sua consumação e perfeição. Lancemo-nos, pois, em direção à perfeição e, por toda a série de progressos possíveis, avancemos apressadamente da fé para o conhecimento. Façamos todos os esforços possíveis para compreender aquilo que cremos (ut intelligamus quod credimus).

A fé é um dom, recebido “em semente”; nós nunca recebemos uma fé “pronta”, Ela se torna uma tarefa, às vezes de uma vida toda. Fazê-la germinar, crescer, dar frutos é a missão dos seguidores de Jesus. A fé possui uma dimensão sócio-fraterna que nos compromete com a alteridade. Não há fé – é importante repetir – sem solidariedade. A solidariedade, o amor ao outro, o perdão e a partilha podem ser vistos como “obras da fé”. Não há caridade sem fé, nem fé sem a graça de Deus. Tampouco pode subsistir qualquer tentativa de espiritualidade sem fé. Para tanto, místicos de todos os tempos têm buscado estabelecer como que um “itinerário” da fé:

• crê em Deus

• aceita Jesus Cristo como teu Salvador

• atua na Igreja-comunidade

• ajuda a transformar o mundo

• assume o compromisso com a missão

• reconhece as tuas limitações

• estabelece uma constante revisão da tua vida

Para a nossa edificação moral e espiritual, a Bíblia relata que após a miraculosa libertação da prisão em Filipos, o apóstolo Paulo dá ao carcereiro a “receita” para a verdadeira felicidade:

Crê no Senhor Jesus e serás salvo: tu e tua família

(At 16,31).

O anúncio da Igreja de todos os tempos se baseia na fé da pessoa de Jesus. A fé e o batismo são o penhor da salvação (cf. Mc 16,16). Fé é vida! Não podemos ser pessoas “espiritualizadas” sem o concurso da fé e o recurso da graça de Deus. Seria como querer construir uma casa, ou melhor, apenas o telhado, sem alicerces nem paredes. Antes de subir aos céus, Jesus dá as coordenadas para quem almeje salvar-se:

Quem crer e for batizado será salvo (Mc 16,16).

A fé cristã se consubstancia, basicamente, na constatação do sepulcro vazio. As Escrituras diziam que o Messias haveria de sofrer, ser rejeitado pelos homens, padecer morte de cruz e ressuscitar no terceiro dia. A morte de Jesus para aqueles homens de pouco alcance de fé e cultura deve ter sido uma decepção. Decepção esta bem retratada na caminhada dos discípulos que voltavam a Emaús (cf. Lc 24,21) e na incredulidade de Tomé (cf. Jo 20,25).

De fato a descoberta do sepulcro vazio deu a todos, se bem que não imediatamente, o início de uma desconfiança – que depois se transformaria em certeza – de que o Messias havia efetivamente ressuscitado. Tal acontecimento foi confirmado pelos dois homens que guardavam o sepulcro (anjos?) com vestes fulgurantes: “Por que vocês procuram entre os mortos quem está vivo? Ele não está aqui: ressuscitou!” (Lc 24,5).

Todas essas “descobertas”, principiando pelo sepulcro vazio e culminando com a aparição de Jesus a seus amigos, serviram para consolidar a fé daquela Igreja que se iniciava, dando-lhe um arrebatador alento, na contrapartida da decepção da cruz.

Sob todos os aspectos, a constatação do sepulcro vazio é o canto de aleluia da fé cristã primeva, pois nele se realiza a esperança central da pregação de Jesus, que é a ressurreição. A fé torna-se, portanto, uma resposta atualizada nos questionamentos da humanidade sobre o viver e o morrer. Esta mesma fé nos cerca hoje de uma “nuvem de testemunhas” (cf. Hb 12,1) viventes do mistério da cruz, do sepulcro vazio e da ressurreição. A fé, como pilastra da verdadeira espiritualidade, supõe e exige coerência de vida com aquilo que professamos. Não há fé sem exigências!

Então surge a pergunta: por que cremos? Cremos porque adoramos a Deus, amamos a Jesus Cristo e nos deixamos impregnar pelo fogo do Espírito Santo. Cremos porque sabemos que é essa fé que vai nos levar à casa do Pai. Cremos pelas mesmas razões que os santos se deixaram arrebatar pelo amor de Cristo. Ele é a nossa luz, nossa vida e nosso caminho. Fora dele, em quem mais iríamos crer?

Às vezes em conferências, cursos ou retiros espirituais que assessoro por aí, quando falo em fé, escuto as pessoas pedirem calma, pois acham sua fé muito pequena, vacilante, diferente, quem sabe, do que eles julgam ser a fé dos místicos, teólogos, celebrantes, assessores, etc. Eu sempre digo que “querer ter fé já é fé”. Ninguém deseja coisa alguma que não acredita, ou que não possua a semente em si.

Eu acho graça – no bom sentido, é claro – quando as pessoas tentando se escusar, se dizem estar apenas “a caminho”. Eu respondo “ótimo!”, pois uma vez que Jesus é o caminho, quem diz estar a caminho já está nele. Pior é estar fora do caminho. Nesse particular, a fé “tentada” já é fé. Quem deseja a fé já a tem em seu coração, como uma pequena semente que precisa ser regada diariamente com pequenas gotas de espiritualidade.

Há pessoas que sabem todas as orações, conhecem de cor várias passagens da Bíblia, pertencem a movimentos, grupos ou associações religiosas, e esquecem de adotar em suas vidas o conteúdo da mensagem que escutaram, mas não praticam. A práxis do cristianismo requer de nós algo mais que acreditar. É preciso ouvir o evangelho, conhecer e colocar em prática. Só a fé é capaz de criar em nós aquela consciência crítica, capaz de fazer a transposição entre o discurso, o desejo e a atitude. A verdadeira espiritualidade é baseada na fé que se faz partilha.

Deus tem um projeto amoroso para tornar o homem feliz e realizado. Às vezes nossas limitações nos impedem de acompanhar e aprofundar o conteúdo dessa vontade. Abraão, pela fé no projeto de Deus não fugiu, dispondo-se a sacrificar seu único filho, pois assim o Senhor lhe havia mandado.

Muitos do que se dizem cristãos, e esta é uma lamentável constatação, confessam com a boca sua simpatia por Jesus, mas muito poucos, poucos mesmo, o seguem e menos ainda praticam o que ele mandou. Eles não têm o costume nem o prazer de meditar a Bíblia. Ler eles lêem, mas nem todos meditam e aprofundam seu conteúdo, haurindo deles a necessária exigência. Os fariseus, no tempo de Jesus confessavam o poder de Yahweh com a boca e com gestos de espalhafato; sabiam todo o conteúdo da lei, repreendiam os pecadores, ditavam cátedra, usavam roupas brilhantes, mas como tambores, a despeito do barulho que faziam, eram completamente ocos por dentro. Viviam uma espiritualidade falsa, sem horizontes.

Na linguagem bíblica, a expressão mundo é tudo aquilo que se opõe às coisas do céu e do espírito. São João declara explicitamente que o que vence o poder desse mundo é a nossa fé (cf. 1Jo 5,5). Ter fé nos habilita a agir preventivamente contra as armadilhas do mundo. Crer é o passaporte eficaz para quem quer garantir sua salvação. A quem crer Deus salva; a ele e sua família.

No encerramento desta jornada que falou de fé e espiritualidade não se poderia prescindir da palavra inspirada de um dos maiores místicos de nossa Igreja, São João da Cruz († 1591), grande mestre da espiritualidade cristã e poeta:

Oh! Quão ditosa é esta alma que sente sempre Deus descansando e repousando em seu seio! Deus está ali habitualmente, como se descansasse num abraço com a esposa, na substância de sua alma, e ela o sente muito bem e o goza constantemente. Ele a absorve profundamente no Espírito Santo, enamorando-se dela, na perfeição e delicadeza divina.

Trecho da pregação em um retiro de leigos em Salvador/BA em dez/2007.

Galvão é autor, entre outros, do livro “Testemunhas da fé”. Ed. Loyola, 1988.