NÃO SE É BRASILEIRO IMPUNEMENTE.
NÃO SE É BRASILEIRO IMPUNEMENTE
(ou A BABILÔNIA É AQUI)
A casa de Deus é o silêncio, de modo que eu deveria ficar eliminando Anunákis na quarta-dimensão.
No entanto, não me furtarei a um desabafo, sujeitando-me a alcunha de pessimista e/ou malagradecido.
Como pode um povo chegar a tão rasteira existência?! Qual a fórmula para se construir um país que nunca chega a ser nação, que adormeceu gigantemente com a barriga repleta de corrupção, desídia e hipocrisia?
Eu sei que ajudei a matar Odete Hoitmann mas pelo menos eu assumo.
E tu, querido conterrâneo, católico, judeu, espírita, protestante, branco, preto, amarelo, vermelho, esquerdo, direito, centro, centro-esquerdo, como vai a tua ... culpa?
No grande palco Macunaíma, o teatro do absurdo é encenado cotidianamente na comi-tragédia do trabalho escravo, da prostituição infantil, do roubo de carga com lugar e hora marcados, do tráfico liberado de drogas, da malandragem oficial do funcionário público, da hegemonia da doença produzida em escala industrial, das eternas soluções individuais , enfim da putaria toda e blá-blá-blá, bingos, jogo-do-bicho, suborno, racismo, judiciário, propina, mortalidade infantil, bala perdida, campanha contra a dengue............
E vamos assistindo a tudo pela maravilhosa e brilhante tela. Os magníficos espetáculos do caos e da auto-destruição na nossa polida sala de estar.
A juventude, suburbana ou não, ajuda a colocar os tijolinhos no prédio do desespero humano. Desprovida, em geral, de Pai e Mãe de fato mas com genitor e genitora de direito, possuem vocabulário que não alcança oitenta palavras (alheias à gramática) , sendo as mais importantes: Lan house, orkut e Messenger (parabéns extensivo aos public and private education system).
Vivem, esses jovens, a descrença, o vazio, a total inperspectiva herdada de seus adultos e assim vão enlouquecendo e produzindo eles próprios seus dramas passionais, como o curta-metragem lindenberguiano com público espectador igualmente desocupado e sem destino, dotado de uma insaciável sede de sangue.
Atores coadjuvantes: uma polícia despreparada e confusa + uma imprensa sempre em busca do trágico e do sensacional.
Quase todos felizes com o desfecho, portanto.
Em outros casos semelhantes, quando a morte do seqüestrador miserável não promove comoção nacional ou mesmo é aprovada pela população, o infeliz é alvejado sem dó por um Snipper no exercício do sadismo latente dos encarnados, e assim colore-se o cartaz publicitário da segurança estatal.
Somos todos um... Podem então colocar um dos tiros na minha conta.
P. S.
(Lembro que no século passado, em 1998 se não me engano, a CIA e o Mossad, a inteligência e um dos dedos armados do capital internacional sem fronteiras, acabaram, no Peru, com um seqüestro de empresários, políticos e outros possíveis filhos-da-puta, libertando os reféns intactos e eliminando, talvez desnecessariamente - pra eles necessariamente, é claro- , todos os seqüestradores. Me cabe, a contra-gosto, admirar sua tamanha eficiência).
Atentos, o Hercóbulus se aproxima!!!!