Ontem(Hoje), 1 da manhã, bateu aquela fome repentina, nada pra comer em casa.. Fui num Bob´s que tem aqui perto de casa, que é 24 horas.

Duas cenas que valem a referência:

1ª: estou na fila esperando duas gordinhas que estavam na minha frente terminarem seu pedido. E a TV alta, na Globo. Rola o comercial do globo repórter, programa que, se não me engano, passa nas sextas. "No próximo globo repórter, você não pode perder: você vai saber os segredos da alimentação perfeita! Como comer de forma saudável! Os segredos dos grandes atletas!.. No globo repórter".
Breve instantâneo de constrangimento no vão que separava o caixa das gordinhas... Para rapidamente o eufemismo entrar em cena, e relembrar a elas o prazer das calorias da madrugada, mesmo e apesar das lembranças da TV...

Mas a 2ª me fez refletir mais: Logo depois, entra o comercial de uma pintura de cabelo. Fiz questão de anotar o nome da marca: "Loreal". A locutora, com aquela voz de puteiro, lembra às ouvintes de sua condição de cidadãs: "Toda mulher tem o direito (!!) de ter cabelos lisos e organizados!"...
É exatamente nesse tipo de simulacro que reside a possibilidade de observar a falácia da "verdade" de que todos, hoje, têm voz e participação social.. Cabelo liso, que já serviu pra distinguir as etnias, virou direito das minorias..

Por essas e outras é que continuo acessando os autores que não se deixam deslumbrar pela balela das "identidades".. Continuo achando que quem está certo é o Foucault e o Baudrillard: o discurso continua operando seus princípios de limitação, através dos mais deslavados simulacros de diversidade.. Dos quais as próprias minorias já são reféns pacificados há um bom tempo...
 
ysabella
Enviado por ysabella em 19/10/2008
Código do texto: T1236659
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