Ma-te-má-ti-ca!

Não se espante o leitor. O título estranho tem um motivo...

Convenhamos que no tumulto dos dias atuais, generalizado por vários fatores que influenciam nosso cotidiano, viver uma emoção provocada por boas lembranças, é sempre bom. Digo isso porque sempre que abordo lembranças de Mineiros do Tietê ou Dois Córregos, recebo grande retorno dos leitores. Isto causa muitas alegrias, obviamente.

E passo a perceber o quanto é importante “tocar” a emoção. Todos temos lembranças, emoções guardadas... Encontramo-nos com algumas pessoas quando de nossa última visita a Mineiros do Tietê e pudemos sentir os bons efeitos do artigo Lembranças da 27, publicado recentemente por este semanário. Fico feliz e agradecido. E, depois, andando pela própria rua 27 de Agosto, percebemos que esquecemos de citar o Sr.. Adolfo Teixeira, as famílias Pincelli e Rondina, a Sra. Júlia Morales Costa, o “Vardico” Costa, entre outros. Fica impossível citar todo mundo.

Depois, mais tarde, na hora de retornar para Matão, encontrei-me com o amigo de infância, Antonio Geraldo Mendjoud. Aí veio um aluvião de lembranças. Inevitável: vieram as lembranças dos queridos mestres: D Nilza Carvalho, a primeira professora; depois D. Lúcia Zugliani Toniato; na terceira série D. Dora Leme, D. Geny e mais adiante D. Norma e D. Vânia, “Seu” Roberto Toniato; “Seu” Sebastião, D. Rosa Laura, Jocelina..., entre tantos outros. Como esquecê-los? Há um carinho de gratidão guardado no peito. Por que não homenageá-los agora, em vida? Foi o que ocorreu-me. Como eu, quantos não foram beneficiados pela competência e paciência desses queridos Mestres?

Nunca pude esquecer uma frase do professor Roberto Toniato: período tem acento. Ele ensinava para não esquecer... E, claro, com cada um uma lembrança específica. O tempo nos torna adultos, amadurece o comportamento, direciona cada qual para uma área específica, mas as lembranças nunca se apagam.

Na convivência com o colega de classe, Geraldo Mendjoud, aprendi a dialogar pelo movimento dos lábios para que ele “lesse” em minha boca o que eu queria transmitir. E vivi inclusive um momento muito engraçado.

Normalmente eu o acompanhava e soletrava, pelos lábios, as instruções dos professores. Estava habituado a isso e nos entendíamos bem. Um dia, na secretaria da Escola de Comércio, em Dois Córregos, fomos perguntar a nota de matemática. Quando o secretário perguntou qual era a matéria, virei-me para o funcionário, e habituado a “falar” assim com o Geraldo, soletrei verbalmente: ma-te-má-ti-ca. Foi um riso só.

Essas agradáveis lembranças foram acessadas através de comentário amigo feito pela professora Dora, à amiga Nilcinha, que recordou-se dessa convivência entre Geraldo e eu.

São, pois, lembranças carinhosas. Ficam para sempre, jamais se apagam.

Minha homenagem, pois, de gratidão, aos queridos mestres. Agora, às vésperas do Dia do Professor, pois o gosto por escrever e por falar em público devo, em parte, a esses Mestres. Sempre recebi deles muitos estímulos. E estes foram fundamentais em minha vida. Hoje sou redator de uma editora, profissionalmente, e palestrante pelo gosto de falar em público. A perda da timidez e vergonha de falar em público devo-a a D. Norma. Certa vez ela colocou-me, numa atividade cívica, diante de uma multidão, na escadaria da Igreja. Eu esqueci a letra do Hino à Bandeira. Eu que deveria iniciar o canto e estimular o público.

Ela segredou-me aos ouvidos: leia a letra no papel que te entreguei. E eu, na ingenuidade dos meus dez anos de idade, falei ao microfone: Eu esqueci! Foi uma gargalhada geral, que corou-me... Pois foi este fato que propiciou-me perder a timidez e a vergonha para enfrentar um microfone e o público que aguarda a fala de quem a ele se dirige.

Obrigado, pois, aos Mestres de minha infância e inicio de juventude.

Orson
Enviado por Orson em 15/03/2006
Código do texto: T123640