Será que ele é...

Outubro! Mês da criança e do professor... Já faz algum tempo que vejo minha classe ser “malhada” pela mídia como a vilã na educação: Saers, Saeb, Prova Brasil entre outros meios de mensuração de saberes (será que isso é mesmo possível?) mostram ao país que nossas crianças estão desaprendendo na escola, e o mérito é do professor mal preparado, mal formado, mal pago, mal tudo o que se possa citar. Claro que toda regra tem exceção, e há Professores e professores, mas, será mesmo que tudo é culpa do mestre com pouco preparo de saber?

Algumas emissoras de TV estão mostrando há alguns dias o martírio de crianças carentes da Bahia, que vão para a escola e voltam dela sem uma migalha de merenda, devido à suspensão da verba por investigações de fraudes. Crianças cuja única refeição substancial seria essa, que lhes é negada pela justiça, cega e, perdoe-me, com passos de tartaruga. Em algumas escolas, as professorinhas, “mal preparadas” é que levam uma contribuição para driblar quem impede a concentração: a fome. E então?

Analisando essas informações, começo a me questionar se é realmente “mea culpa” o fracasso dos alunos em índices educacionais. E lanço um desafio: quero saber quem é o Phd, o Mestre dos mestres, o perfeito professor que nunca errou e que será capaz de dar uma aula maravilhosa e fazer seus alunos superarem qualquer prova de conhecimentos, trabalhando numa classe de 35 alunos, numa sala de aula apertada, com um quadro de giz corroído pelo tempo, cujas crianças vem de famílias carentes, sem pai, sem mãe, às vezes sem os dois, em que o maior objetivo na escola não é o bê-a-bá, mas a clássica pergunta: “sôra, que tem de merenda?”. Que professor supra sumo é capaz de ignorar maus tratos, drogas, prostituição infantil, para fazer de seu ofício o óbolo do fariseu? Desculpe, mas essa é a realidade de muitas de nossas escolas, onde se tira um, às vezes dois alunos por turma com quem podemos fazer parceria com os pais na busca da melhoria da qualidade de vida. Os demais, bem, acredito que é redundância falar o que já foi dito...

Por essa razão, no mês em que sou lembrada como “Professora”, peço uma reflexão da sociedade, dos pais e de nossos representantes políticos (que pretendem extinguir nosso tão sofrido plano de carreira), para que se pense “de quem é a culpa”, se é que se pode dizer isso. Peço que vejam com olhos mais amplos o problema da educação. Professores que precisam se atualizar há, mas também “há muito mais entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia”... Não estou certa?