Caloteiros e safados

Caloteiro é uma classe de gente ordinária que sempre existiu. Meu pai os chamava de “calaveras”, referindo-se ao indivíduo vagabundo, velhaco e negador de conta. Em tempo de crise internacional, despontam na Espanha, especialmente em Madri os “cobradores del fraque”, homens vestidos de preto, com fraque e cartola, que batem na casa dos caloteiros ou andam atrás deles na rua.

Aqui em Porto Alegre havia, há uns vinte anos atrás, os “homens de vermelho” encarregados de cobrar e desmoralizar os calaveras. Hoje no Brasil tudo é proibido. No passado, e eu era especialista em cobrar, levava-se devedor e avalista a protesto. Hoje é proibido protestar o fiador.

Como gerente de banco (CAIXA) aposentado, eu fui campeão de chamar os relapsos pela “rádia” ou pelo jornal “a fim de solver pendências de suas responsabilidades”. Se fizesse isto hoje ia preso. Uma vez liguei para um inadimplente avisando “fulano, tua ‘letra’ venceu”. Sabe o que ele perguntou? “E a música, foi classificada?”.

O fato é que numa época de desabamentos morais, avisos, SPC e Serasa não assustam mais quem é mau pagador. O sujeito não paga as contas e fica com a mesma cara. Eu conheci um cidadão que tirava empréstimos nas financeiras e não pagava nada. Meses depois abria novas contas e dava novos calores. Só celular ele teve uns dez.

Tive uma subgerente na CAIXA que ia na casa do devedor quando ele não estava em casa e pressionava a mulher, dizendo que no dia seguinte o oficial-de-justiça viria levar a televisão e o fogão. No mesmo dia a mulher dava um jeito e pagava a conta. Hoje você pode fazer críticas ao Presidente da República, mas não pode pressionar o safado do caloteiro.

Se a funcionária fizesse aquilo hoje, a Caixa seria passível de um ação por “danos morais” (imaginem!) e a agente teria que se retratar. Um dos motivos da retração do “Crédito Educativo” se deve à inadimplência. O “doutorzinhos” levam a grana, se formam e depois não pagam nada. E a “justiça” (?) brasileira não deixa que sejam protestados ou executados. Ser caloteiro hoje dá status. É por isso que estamos nesse baile-de-cola-atada há anos. E sem perspectivas de melhoras.

Safados

Mesmo depois do “efeito suspensivo” (este artigo foi escrito antes) não retiro uma virgulo do que está escrito aqui. O epíteto “safados” bem cabe aos juízes e procuradores do STJD da CBF. No afã de prejudicar o Grêmio, eles punem além da lei, passam por cima das punições conferidas pelos árbitros em campo, e atuam de forma parcial, velhaca e arbitrária. O jogador do Palmeiras deu um tapa num adversário: absolvido. O zagueiro do Santos soqueou o Morales: não foi nem advertido. No Grenal, Edinho foi o agressor (absolvido) e Tcheco o agredido (pegou três jogos).

Com essa máfia instalada em nossas cortes esportivas, um clube fora do eixo Rio-Minas-São Paulo para ser campeão tem que jogar além do imaginável. Lembram o que fizeram com o Inter naquele 1x1 com o Corinthians? E os onze pontos perdidos no episódio do ladrão Edílson Carvalho? Nosso futebol está uma vergonha! O pessoal do Rio e São Paulo diz que temos mania de perseguição. O gaúcho é o único que ainda reclama. O resto se acomodou.