ESCOLA E LIBERDADE

William Pereira da Silva)

Professor da rede pública de ensino.

As criticas ao ensino brasileiro são muitas e não poderiam ser diferentes. As escolas às vezes chegam à beira do ridículo quando tomam atitudes que eram tomadas há cem anos atrás tentando disciplinar os alunos e fazer mudanças que acham necessárias ao funcionamento das escolas.

Rubens Alves já dizia que não é de hoje que a escola é chata. Ela sempre foi assim e isso acontece porque as coisas são impostas às crianças... Então fica evidente que elas gostam da escola por causa da sociabilidade, dos amiguinhos, por causa do recreio.

As escolas em muitos casos estão agindo como simples carcereiros tentando manter os alunos presos dentro da escola como se portão ou grades resolvessem à situação dos alunos que querem ficar fora da sala de aula. Se eles procuram não ficar dentro da sala o motivo é obvio, as aulas são chatas, os professores agem como guias turísticos que vão todo dia ao mesmo monumento, levando um grupo diferente e repetindo as mesmas palavras,

Na escola tradicional não se leva em conta o desejo de aprender da criança, do adolescente e do adulto, eles se justificam dizendo que é assim e pronto. Criam aquela educação que Paulo Freire chamou de Bancária, onde a direção junto com os professores são os donos do saber, desrespeitando totalmente o conhecimento e a cultura que os alunos adquiriam na sua comunidade e em outras escolas.

Não há nada pior para um aluno que estudou numa escola que o único portão fechado era o que dava aceso para a rua e dentro da escola ela podia andar, correr livremente, as aulas eram ministradas nas salas de aulas, no pátio, nos laboratórios, no auditório, no ginásio de esporte, nas quadras, em viagens de excursões, e ter de estudar em outra escola que os portões são fechados por onde ele passa, as salas com portas fechadas e ser obrigados a ficar de quatro a cinco horas presos em uma sala ouvindo professores que entra ano e sai ano repetem a forma como dão aula.

O que prende o aluno na escola são aulas com atrativos que despertem o interesse e a vontade de aprender. Podemos citar como exemplos professores ao ensinar sobre as plantas, levam os alunos para o pátio onde embaixo de uma arvore todos tem um contato direto com a natureza e tem a dimensão real do que esta estudando, em seguida trás todos de volta a sala de aula e completa o tempo com a teoria. Poderia ser feito com todos os assuntos e disciplinas. Deveriam ter aulas práticas e não somente ilusões colocados no quadro onde os alunos têm de ficar sentados por horas a fio estudando muita das vezes o que não precisa e nunca vai precisar em suas vidas. A sala de aula tem sua finalidade, mas não é o único lugar para se dar aula. Aula pode ser dada em qualquer lugar.

Se grades e portões educassem as pessoas as prisões seriam as melhores escolas para todos.

Tanto as escolas como os profissionais da educação têm de se acordar para sair deste tédio, da mesmice. Faz pena, é de ter dó dos professores e administradores de escolas que não tem prazer na mudança, no novo, no mundo real, na verdade. Parecem morto-vivos que perambulam dentro das escolas sem saber o que querem nem para onde vão e com isso levam os pobres dos alunos a uma educação bancária, antidemocrática e irreal.

Só há uma explicação para aqueles que não gostam da liberdade, do novo. Eles estão presos a um passado de ditadura, de submissão, não inovam por que não sabem,não lêem, não pesquisam. Estão parados no tempo passado.