RUSGAS
Um batinado e um leigo se pegaram de turras, e ao fazerem isto revelaram em suas rusgas teológicas a mesma incoerência em que foram cair dois priminhos deste desajeitado escriba. Já vai a estória:
Quando erámos ainda adolescentes a finada tia mandou-nos levar uma compoteira de finíssimo cristal à casa de uma sua visinha para que a peça fosse utilizada em uma festa especial, quando uma autoridade do governo iria degustar uma deliciosa compota de pêssego de sua preferência. Bem, mas para que o texto não fique igual uma arvore de natal, voltemos ao centro do tema: a caminho um dos primos achou de criticar o modo como o outro carregava a rica peça. O criticado se revoltou soltando um belo palavrão e o revide do ofendido foi um empurrão no importunante crítico. Ao impacto de tal empurrão a tampa da compoteira se desprendeu e só não se despedaçou na sarjeta por que um senhor que passava por perto teve tempo de segurá-la ainda no ar.
Ficou claro que ambos, com seu desequilíbrios, não estavam preparados para transportarem a compoteira, também o batinado a que nos referimos no início do texto, em uma ocasião específica não tinha nada que se expor com suas desnecessárias críticas, mesmo porque delas não se aproveitaram absolutamente nada, e assim, o batinado veio demonstrar que nunca esteve preparado emocionalmente para enfrentar situações delicadas. Quanto ao leigo ele pelo menos já teve coragem de abrir seu coração e admitir seus problemas emocionais, confessou que toma psicotrópicos e passa alguma temporadas em hospital psiquiátrico. Em resumo o leigo foi gente, ao passo que o batinado teve a pretensão de se transformar num paradigma.