O TEMPO COMO TESTEMUNHA

Acabo de ler o livro de memórias de Auta Pinheiro Bezerra: “O TEMPO COMO TESTEMUNHA”, Natal, 2004. Com textos selecionados e organizados por sua filha Cleudia Bezerra Pacheco e prefácio de Sanderson Negreiros, o livro que começou a ser escrito em 04.10.1966, ainda não foi lançado oficialmente. O lançamento deverá ocorrer, oportunamente, quando da inauguração do “Museu Auta Pinheiro Bezerra”, na fazenda Boa Hora, no município de Santa Cruz (RN).

Auta Pinheiro Bezerra nasceu em 13.01.1914, na cidade de São Paulo do Potengi (RN). É descendente do Coronel José Ferreira da Rocha, também conhecido como o “Senhor das Queimadas”, fazendeiro, senhor de escravos e chefe político em Santa Cruz (RN). Foi na “Fazenda Queimadas” que nasceu e viveu o escravo “Fabião das Queimadas”, que se destacou como poeta e cantador do sertão. Fabião, com o dinheiro que amealhou em suas apresentações, veio a comprar a própria liberdade e a da sua mãe.

Dona Auta casou-se na Fazenda Queimadas, onde moravam os seus pais, em 06.02.1935, com Severino Bezerra. Sacramentou o enlace, o paraibano Padre Esmerino Gomes da Silva (1881 – 1944), da Freguesia de Santa Cruz.

Mãe extremada, expressa com freqüência o seu amor, ao citar com carinho os seus quatro filhos Abderraman, Manoel, Francisco e Cleudia e os seus netos.

Auta Pinheiro Bezerra, mulher de fibra, nos deixou um exemplo de vida proativa, de amor ao próximo e de trabalho e realizações. Recebeu o reconhecimento da cidade que a acolheu, quando, em 03.08.1984, a Câmara de Vereadores a outorgou o título de cidadã santacruzense.

Católica fervorosa, Dona Auta era devota de Santa Rita de Cássia, padroeira de Santa Cruz (RN) e Nossa Senhora do Rosário, da Fazenda Boa Hora.

Incansável, auxiliava na ação evangelizadora e beneficente da Igreja de Santa Cruz (RN) e atuava na educação rural através da Escola Severino Bezerra, cujos alunos desfilavam, anualmente, durante as comemorações da semana da pátria.