TURISMO RELIGIOSO É ÉTICO?
Numa reunião do Fórum Amazonense de Turismo foram sugeridos alguns nichos no turismo que deveriam receber incentivos oficiais. Este articulista sugeriu que fosse incluído o Turismo Religioso. Outros sugeriram a inclusão do turismo das minorias sexuais. Por motivos diversos, cabe perguntar se a exploração destas duas modalidades está dentro da ética.
Há religiosos que são contrários a exploração comercial da fé. Acreditam que fere a pureza da religião que deveria estar acima dos bens materiais e, portanto avessa à exploração comercial por aqueles que sequer põe os pés numa igreja. Por outro lado, quando é a própria Igreja que se beneficia do comercio em torno das festas religiosas, não há problema. Aliás, muitas das festas são criadas exatamente para reforçar o caixa da paróquia, ou então para completar a verba de alguma construção ou reforma.
Desta forma surgiram muitas das festas que hoje fazem parte do folclore das cidades e que acabam atraindo alguns turistas. No norte do Brasil, o Círio de Nazaré, em Belém é o mais forte exemplo disso. A festa de Santo Antonio, em Borba, no Amazonas é uma atração que atrai devotos do santo e outros curiosos que nada têm a ver com a história do santo. Todas as cidades do interior têm uma festa religiosa, mormente a festa do padroeiro da cidade.
Recentemente, a pequena cidade de Itapiranga, a 300 km de Manaus por estrada, está sendo visitada por conta de aparições de Nossa Senhora que um vidente diz ver. A coisa está criando um vulto muito grande. A aparição teria confidenciado ao seu vidente que queria ser conhecida como “Nossa Senhora do Rosário da Fé” e recebeu um selo oficial quando o bispo de Itacoatiara consagrou a Diocese à tal santa.
Questões de fé à parte, faria um bem muito grande para a economia da cidade receber um fluxo constante de fiéis. Claro que haveria necessidade de investimentos estruturais. A questão sempre é a mesma: gasta-se primeiro em estrutura para receber bem os turistas, ou aguarda-se a vinda de turistas para então ver as necessidades de investimento. Contudo, a comunidade católica começa a valorizar o local? Mas não podemos pensar em uma atividade analisando apenas pelas faltas.
Sempre haverá aqueles que pensam que ganhar dinheiro com a exploração da fé não é um ato digno. Mas, todos concordam que o nicho do turismo religioso é o que mais cresce no mundo. Por que deveríamos, por escrúpulos, deixar de explorar esta atividade financeira? Por que não aliar Turismo de Natureza com Turismo Religioso, uma vez que o turista vem para a selva? Nos parece que falta de ética é deixar de alavancar o progresso por conta de questões religiosas.
A outra modalidade de turismo, o das minorias sexuais, também recebe críticas por motivos opostos. Um leigo no assunto há de perguntar: “Se há combate ao turismo sexual, porque estimular o turismo destinado a gays, lésbicas e simpatizantes em geral?” Segundo os defensores, este tipo de turismo é praticado por membros destas minorias, que viajam acompanhados de seus parceiros, são totalmente diferentes dos que viajam em busca de aventuras sexuais, ai incluindo pedofilia e outras promiscuidades que as autoridades e qualquer cidadão de bem se vêem forçadas a combater.
Estes turistas, normalmente têm um poder aquisitivo acima da média e, portanto, uma boa capacidade de consumo. Tudo o mais seria mero preconceito. Preconceito este que está diminuindo e tende a desaparecer, permitindo uma convivência harmônica.
Nenhum fabricante tem restrições ao comprador de seu produto, até porque não sabe quem o compra. Comerciantes querem clientes com poder de gastar. Se estes clientes são religiosos ou fazem parte das minorias sexuais é irrelevante.
Luiz Lauschner – Escritor e empresário
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