DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
William Pereira da Silva
Lendo o livro Desafios da Pratica Pedagógica de Isabela Freitas de Oliveira e Sabrinna Cunha de Oliveira que é um resultado de uma experiência de ensino vivenciada em escolas públicas e particulares do RN, pelas alunas graduandas do Curso de Pedagogia do ano de 2002 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na disciplina “Prática de Ensino” encontrei este relato do estagio da universitária Lênia Maria onde ela vivenciou uma pratica pedagógico do jogo de xadrez para alunos do alfabetização e das primeiras séries iniciais do fundamental. Rico em detalhes nos chama atenção como é desenvolvido nesta escola e os investimentos dado ao jogo do xadrez e sua importância no contexto escolar.
O XADREZ COMO SUPORTE PEDAGÓGICO
Lênia Maria Lima Damasceno
O estagio da disciplina de prática de ensino da escola de 1º grau, orientado pela professora Joana D’arc de Sousa Dantas, ocorreu no colégio Salesiano São José, instituição particular, localizado no Largo do Dom Bosco, 335 – Ribeira – Natal/RN CEP: 59012-530 CNPJ: 08320.384/001-31 fone (084) 3211-4220/3221-4331 fax: (084) 3222-3560.
As observações foram feitas em minha própria sala de aula que é utilizada para as aulas de xadrez e artes. Ela é bastante ampla, com dois aparelhos de ar condicionados, quatro ventiladores, doze mesas e trinta e duas cadeiras, um quadro para escrever e um quadro mural especifico para a pratica do xadrez, apresentando assim, um ambiente bastante sugestivo com figuras e fotos na parede.
Durante uma vez por semana é oferecido aos alunos à disciplina xadrez, dentro da grade curricular nas turmas desde a alfabetização até as terceiras séries, tendo ainda, aulas de xadrez, como esporte, esta sendo opcional, para as demais turmas do colégio, onde leciono a cinco anos, porém as observações que foram feitas no estagio são das duas turmas de primeiras séries do turno vespertino, cada uma contendo vinte e um alunos, sendo o nível social das turmas bastante heterogêneo, mas o nível de aprendizagem é bastante razoável com relação a capacidade cognitiva nesta fase. Em ambas as turmas a grande maioria dos alunos demonstra bastante interesse pelo xadrez, tornando-se evidente o prazer que eles têm pelo jogo, uma vez que “a infância, como se sabe, é, por excelência, o momento das brincadeiras e do jogo” (AMARILHA, 1977: 27). Assim, os alunos, sem perceberem que estão “brincando”, o xadrez desenvolve suas capacidades cognitivas estimulando o raciocínio lógico, contribuindo para a educação voltada a interação social, na busca pela formação de um cidadão critico e autônomo, este sendo o principal motivo pelo qual a escola fez questão de introduzir o xadrez não apenas como esporte, como nas outras escolas, mas também como uma matéria obrigatória uma vez por semana.
As duas turmas, de modo geral, têm um comportamento bastante disciplinado, entrando na sala sempre em filas, sentando-se nos lugares de livre escolha. É demonstrado que ao se querer tirar uma duvida a aluna levanta a mão aguardando-me.
Há na grande maioria uma grande interação durante as partidas de xadrez, onde ao contrario do que as pessoas leigas pensam que para se jogar xadrez deve-se ficar “mudo e imóvel”, as crianças se ajudam mutuamente discutindo e debatendo lances das partidas, em que sempre que estão conversando é a respeito do jogo, tendo em vista que ainda estando na primeira serie, eles já sabem todos os movimentos das peças, dando jogadas erradas raramente (lance irregular), chegando ate mesmo a dar o xeque-mate. A cada lance, as variações das posições aumentam, fazendo com que a criança tenha que definir o que é mais importante para ser feito, avaliando as possibilidades dos lances, tanto os dele como os do seu adversário, ficando muito comum ouvir uma das outras, o comentário: “jogue logo!” e o outro responde: “calma eu estou pensando”.
Durante o período do estagio constatei o que já vinha observando com relação a alguns alunos que não se conformam ainda com,a derrota nas partidas de xadrez, pois quando se davam conta de que tinham menos peças que o adversário, eles se desanimavam chegando as vezes a não querer mais jogar. Para Elkonin (1998, p, 421):
O jogo também se reveste de importância para formar uma coletividade infantil bem ajustado para inculcar independência para educar no amor ao trabalho para corrigir alguns desvios comportamentais em certas crianças e para muitas coisas mais. Todos esses efeitos educativos se baseiam na influencia que o jogo exerce sobre o desenvolvimento psíquico da criança e sobre a formação da personalidade”.
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Seria bom que este relato servisse de exemplo às escolas públicas e particulares da cidade de Mossoró que não valorizam o jogo de xadrez, implantando-o como suporte pedagógico, deixando de oferecer aos seus alunos mais uma poderosa ferramenta pedagógica no seu desenvolvimento, percebesse seu valor e colocassem nos seus currículos a disciplina xadrez.