OS DONOS DA CRISE NA EDUCAÇÃO
OS DONOS DA CRISE NA EDUCAÇÃO
Por William Pereira da Silva
Há um consenso geral onde todos vêem e sentem a crise instalada na educação. Não é de hoje as sucessivas crises que vivemos, umas mais acentuadas que as outras, mas nestes últimos dez anos ou mais talvez tenha sido a maior de todas na história da educação no Rio Grande do Norte e em vários outros estados brasileiros. Uma pergunta paira no ar, QUEM OU O QUE GEROU E ESTA MANTENDO ESTA CRISE? A única resposta sendo a mais lógica é O GOVERNO DO ESTADO que detém o poder das decisões, os recursos financeiros, política educacional, dirige os órgãos responsáveis pela educação em geral.
Podemos enumerar vários fatores geradores desta crise, entre eles o clientelismo político, a falta de fiscalização dos recursos aplicados e do funcionamento dos órgãos responsáveis pela educação e nas próprias escolas. Um fator que ninguém gosta de citar, mas é responsável diretamente por maior parte da crise É A CORRUPÇÃO desenfreada instalada no setor educacional, do primeiro escalão até a cozinha das escolas. Ela prevalece acarretando um desgaste nas relações pessoais e de extravio do material escolar, desvios verbas, roubo ou descaso total com o patrimônio público escolar.
Vamos tentar analisar cada fator como acontece e seus efeitos imediatos na crise;
O CLIENTELISMO POLÍTICO
O clientelismo político é uma característica do estado patrimonialista, é a troca de benefícios nas atividades públicas. Os grupos políticos que administram o executivo estadual norte-riograndense gerenciam os recursos públicos como se estes fossem seus ( ANDRADE, 2005,157) juntamente com os partidos políticos que tanto precisam dos recursos da educação para suas campanhas eleitoreiras. Há uma interferência enorme desses políticos no funcionamento das escolas. Eles não aparecem, mas colocam seus correligionários para utilizar o patrimônio publico ao seu dispor ditando normas no funcionamento interno da escola, inclusive “perseguições” a funcionários que se rebelam não obedecendo a seus esquemas. Existe uma enorme dificuldade de desenvolver atividades dentro das escolas caso não seja do grupo político vigente, até se manter com sua carga horária de origem para dar espaço aos “fieis e corruptos eleitores”.
Os Secretários de Educação utilizam o cargo simplesmente como meio de chegar a uma representatividade política para deputado ou senador, usando a educação como uma espécie de “curral eleitoral” para alcançar seus objetivos. Dirigentes de DIRED’S são fortes cabos eleitorais destes políticos. Diretores de escolas são induzidos a seguirem estes grupos ou obedecer a normas especificas que não contrariem estes interesses. Tudo isso acarreta uma crise estrutural e funcional sem precedentes porque as escolas não funcionam de acordo com suas necessidades e realidades intrínsecas, mas de acordo com os ditames das necessidades eleitoreira destes políticos. Portanto o clientelismo político trás a corrupção e o trafico de influencias que são duas situações nefastas para qualquer escola gerando crises e crises sucessivas.
FALTA DE FISCALIZAÇÃO
Qual o órgão responsável pela fiscalização das DIREDS e das escolas? Ele existe? Com toda certeza Não. QUEM FISCALIZA AS ESCOLAS? Ninguém. Será que os diretores de Direds conhecem a realidade de cada escola in loco, quantas escolas foram visitadas por eles?
Não se tem conhecimento dos órgãos fiscalizadores dos recursos advindo do governo nem tampouco do funcionamento das escolas em geral, se existem não funcionam, está só no papel. Não confundir as inspeções anuais de técnicos burocratas que não conhecem a realidade das escolas e quando aparecem aumenta o caos nas escolas com fiscalização do patrimônio público e funcionamento das escolas.
A falta de fiscalização séria acarreta roubos constantes do patrimônio escolar, desvio de verbas, favorecimentos políticos, funcionários fantasmas, desvios de funções, acumulo de cargos, falta de tombamento do patrimônio, inexistência de almoxarifados, contratação de empresas fraudulentas, transações ilegais entre comerciantes e diretores com favorecimento de notas frias, comissões vantajosas, peculatos e improbidades administrativas constantes, muitas vezes de conhecimento do publico em geral e das autoridades. Com uma fiscalização constante tudo isto poderia ser evitado ou minimizado. Onde não há fiscalização abre-se uma oportunidade enorme para os corruptos.
A CORRUPÇÃO
O clientelismo político junto com a falta de fiscalização é a mãe dos piores de todos os males sociais que destruiu até impérios gigantescos, imaginem um sistema educacional. A corrupção é caracterizada quando não se cumpre às normas e leis que regem a educação juntamente com os desvios dos recursos do Estado. Onde quer que seja se as leis não são cumpridas nada permanecera em ordem por muito tempo. As leis são as bases fundamentais da organização e disciplina em qualquer instituição e se elas não são obedecidas o resultado é imediato, a desordem prevalecerá. Os corruptos vivem exclusivamente para deturpar toda a ordem para tirar proveito próprio dos bens publico mesmo que isso cause a desgraça de muitos os levando a uma educação de baixíssima qualidade interferindo diretamente nas vidas de muitas pessoas. O GRANDE PROBLEMA É QUE ELA ESTA SENDO ACEITA COMO UM FATOR NATURAL DENTRO DO NOSSO CONVIVIO, todo mundo adaptou-se a corrupção como elemento normal que não causa nenhum transtorno dentro das escolas sendo ela a dona da crise institucional, moral e social da educação. Talvez por ser tão abrangente, gigantesca, ninguém quer ser um Davi para combater essa gigante instalada entre nós, porém juntos podemos combater esse mal.
É hora dos sindicatos vestir esta camisa deixando de desenvolver campanhas somente voltadas para questões salariais utilizando de sucessivas greves e voltar-se para uma grande campanha de conscientização, organização, mobilização, manifestações e lutar contra as causas reais que destroem as escolas juntamente com a educação que são o clientelismo político a falta de fiscalização e a famigerada corrupção que assola nossas vidas. É triste ver sindicalistas dentro das escolas sabendo de todo tipo de falcatruas e não mover um dedo sequer. É triste e suspeito.
Querer mudar sem atacar as causas principais é pura demagogia, oportunismo, peleguismo, conivência, submissão, serviência, medo, descaso e por que não dizer clientelismo político sindical visando sempre eleger-se na próxima eleição não atacando a corrupção perdendo os votos dos corruptos.
Os funcionários públicos sozinhos jamais poderão levantar essa bandeira de luta sem ajuda de uma instituição organizada, experiente e voltadas para os reais problemas que afligem a educação.
“ HÁ UMA TENDÊNCIA GENERALIZADA SOLICITANDO QUE OS SUBALTERNOS MUDEM DE ATITUDES. É MAIS FÁCIL O EXEMPLO VIR DO ALTO. QUEM PRIMEIRO DEVE MUDAR É O GESTOR. O PRIMEIRO PASSO PARA SE INICIAR UM PROCESSO DE MUDANÇA É O COMPROMETIMENTO DO DIRIGENTE. É NECESSÁRIO QUE ELE ASSUMA A RESPONSABILIDADE DE MUDAR IMPLANTANDO UMA NOVA FILOSOFIA DE TRABALHO DEMONSTRANDO SEU COMPROMISSO ATRAVÉS DE AÇÕES EFETIVAS. IRÁ ENCONTRAR RESISTÊNCIA. NÃO IMPORTA. NÃO PRECISA APENAS RESOLVER A MUDAR: É PRECISO AGIR!”. ( Parágrafo retirado da Gazeta do Oeste na Coluna Dèjá Vu de Milton Marques em 28/12/2003)