Alisar os Cachos

A Indústria cosmética explora a ignorância do mercado. É muito difícil verificar o que realmente acontece no cabelo, quando um alisamento é feito, e a indústria faz render o desconhecimento. A única maneira mais óbvia de conferir os danos no cabelo, é observando a textura do fio do cabelo. Em cabelos muito finos, os alisantes praticamente diluem os fios.

Atendendo as denuncias feitas por consumidores, o Instituto de Pesquisa Adolfo Lutz de São Paulo, no período de 2003 a 2007, avaliou 38 amostras de produtos alisantes de diferentes marcas e ativos, encaminhadas pela vigilância sanitária de São Paulo, Procon e Instituto de Criminalística. Do total das 38 amostras, 20 foram reprovadas. Ou seja, 52% estavam em desacordo, por apresentarem teor de ativo acima do limite máximo permitido ou conterem formaldeído, somente permitido em cosmético como conservante ou para produtos destinados ao endurecimento das unhas.

A Resolução RDC nº 215, de 25 de julho de 2005, é a norma que estabelece a lista de substâncias permitidas e o limite máximo para cada ativo em suas formulações. Porém, a ANVISA não exige que o fabricante de cosmético, escreva no rótulo do produto, a porcentagem utilizada do ingrediente ativo. Se a Lei não existe, os fabricantes, que não exibem as porcentages dos ingredientes nos rótulos, não estão desobedecendo nenhuma norma legal.

Produtos alisantes são cosméticos com a função de alisar os cabelos crespos. Os ingredientes ativos desses produtos, desmancham as ondas formadas pelos cachos dos cabelos crespos. Todavia, adulterar a mãe natureza, nesse caso, mudar a forma natural do cabelo, sempre gera repercussões. Não importa se é usado condicionador ou não, a verdade é que o produto danifica a textrura dos fios.

Se o agente químico, é tão forte a ponto de ser capaz de modificar a forma natural do cabelo, por um período de alguns meses (ou mesmo semanas), é sinal de que causará danos. Isso ocorre, devido a substância alterar a estrutura do fio do cabelo. E não existe maneira delicada de fazer isso. Do contrário, seria possível despedaçar o vidro de uma janela, colar novamente todos os caquinhos e o vidro retornaria ao que era antes de ter sido quebrado.

Entre os diferentes produtos alisantes à venda, existem alguns mais delicados (e delicado aqui é muito relativo), que o outro. Porém, a informação fornecida pelo fabricante no rótulo do produto, de que o alisante “não danifica o cabelo de maneira nenhuma”, é falsa. Mas a mulher, sempre está disposta a correr riscos para ficar mais bonita.

Então o jeito é encontrar um cabeleireiro experiente. Se ele já fez muitas escovas progressivas, certamente conhece os efeitos dos produtos. Adquirir informações por meio de livros e pedir dicas para quem já fez o procedimento.

Antes de fazer uma escova progressiva é bom estar ciente de que usar produtos químicos no cabelo tem prós e contras. As principais contra-indicações para fazer alisamentos são: gravidez, lesão no couro cabeludo e estar com algum tipo de tintura no cabelo. O cabelo pode ressecar, e algumas vezes, há queda de cabelo. A vantagem é que o cabelo fica fácil de arrumar, e para quem não gosta do crespo natural do cabelo, a mudança no visual, valoriza a auto-estima.

Lucia Fagundes é professora, esteticista e consultora de cosméticos, autora do livro: Detetive da Beleza (Livrarias Curitiba).

http://detetivebeleza.blogspot.com/

Detetive
Enviado por Detetive em 02/10/2008
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