É possível ensinar as quatro habilidades?
Tocante ao ensino de uma língua estrangeira (em especial, o Inglês), sempre falamos em quatro habilidades: ler (reading), escrever (writing), ouvir (listening) e falar (speaking). Entretanto, sabemos que desenvolver todas essas aptidões na escola pública não é fácil.
Aliás, no contexto das escolas públicas brasileiras, é irreal se pensar o foco nas quatro habilidades, haja vista as condições existentes no meio de aprendizagem: pouca carga horária, muitos alunos por turma, domínio reduzido das habilidades orais por parte da maioria dos professores, ausência de material instrucional e por aí vai a lista.
Sendo assim, é quase uma ilusão querer que os estudantes saiam das escolas capazes de ler, escrever, ouvir e falar em Inglês. Se já é difícil controlar 40 alunos em uma sala de aula, o que se dirá de conseguir que todos aprendam bem as quatro habilidades de Língua Inglesa...
Frente a esta situação desgraçada (muitos alunos, poucos períodos, falta de recursos, etc.), a leitura parece ser mais facilmente alcançável, tendo em vista seus objetivos limitados. Isso porque a justificativa social para o ensino de Inglês no País é a leitura. A leitura é privilegiada, inclusive, nos famosos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais).
Podemos aceitar, em parte, esta justificativa. Seria demais, por exemplo, querer que os alunos falassem fluentemente o Inglês pós-escola. No entanto, à leitura, deve estar ligada outra “sub-habilidade”: a compreensão (uso “sub”, pois a compreensão é inerente à leitura). Parece bobagem o que escrevo, mas é fato que inúmeros alunos lêem, mas não compreendem suas leituras.
Então, se não podemos “abraçar o mundo”, que pelo menos possamos qualificar os alunos em alguns aspectos, destacando-se aqui a leitura (e sua compreensão) e, como conseqüência mais próxima (a meu ver), a escrita, a qual permite expressão e inclusão. Isso sem falar que ler em Inglês ajuda no desenvolvimento da habilidade de leitura em língua materna, ponto problemático no País.