O VALOR DO VOTO
Durante a República Velha (1889-1930) que se prevaleceu no Brasil, houve o máxime da corrupção eleitoral constituído basicamente nas diversas formas de compra e venda de votos – verdadeiro balcão de negócios, o chamado famigerado curral eleitoreiro –, um dos fatores do crescente déficit democrático herdado no Brasil contemporâneo.
Diante desse déficit democrático, que culmina na ausência de políticas públicas reais, faz grande mal a política verdadeira, a cidadania e a soberania civil organizada. Cidadãos e Parlamentares decentes de todas às esferas da União se sentem contaminados com esse estado de coisas inescrupuloso. Além disso, sobretudo, o debate de idéias – primordial nas comunidades – irá conduzir na consolidação e eficácia das necessidades locais através de projetos populares.
Nessa perspectiva, tanto o político como a comunidade far-se-ão a verdadeira democracia direta – tão longe de nossos políticos tradicionais atuais. Ora, a política real é uma Ciência da arte, da persuasão e do convencimento, de criar crenças e formar cidadãos críticos e aptos em defesa de seus direitos.
Ao contrário, ou seja, o autoritarismo dos coronéis da República Velha – políticos ou não que realizaram políticas sem o agir comunicativo entre esses dois elos: cidadãos e políticos –, conduzia ao abandono e a distância de muitos municípios e vilas e as próprias comunidades. Outro resultado é a descrença que se faz hoje nos eleitores brasileiros (com toda a razão) e o que é visto é o distanciamento entre os políticos e a comunidade. Não há corpo a corpo entre esses atores e o motivo pelo qual não é necessário abordar aqui.
Os vícios da política brasileira, que vêm de longe, em muitos municípios são considerados os vírus contagiosos da compra e venda de votos que resultam na quebra do elo comunidade-política: porque quem compra não tem compromisso com ninguém e quem vende perde a sua arma de ataque que é o voto. Assim nesse mercado truculento não permite aos atores (políticos e eleitores) a pratica do debate de idéias de mudanças democráticas e o ciclo se fecha na omissão, e tudo se repete na farsa canina.
Enfim, nesse contexto, as alternativas democráticas se perdem juntamente com as reivindicações da sociedade civil organizada: tanto abaladas no bojo dessa política pequena, inócua e perniciosa. Admite-se, portanto, que nos dias de hoje o avanço tecnológico associado a novos políticos com velhos trajes saídos da República Velha do início do século passado.
Autor do romance lírico infanto-juvenil Um Carro de Bois que Transportava Logos e de coletâneas como: Rio das Velhas em Verso e Prosa (Prêmio Projeto Manuelzão/UFMG/Morro da Garça/2006); Letras Mínimas (Ed.Guemanisse/2007); Elos e Anelos – Menção Honrosa (Teresópolis/2008).