VOTAR DEFINE UM PROJETO DE SOCIEDADE

(*) Por Antônio Coquito

Votar? Não votar? Em quem votar? Ai estão as questões! No dia 05 de outubro, estamos novamente convocados a exercer nossa cidadania nas eleições 2008. Considero que a eleição deveria nos entusiasmar! Mas, ela está morna. É o que tenho constatado nos encontros com pessoas no dia-a-dia e em conversas com amigos. Esta agenda nos leva a refletir sobre a democracia que temos e a democracia que queremos. Trata-se, portanto, de um momento político de análises e atitudes - governantes, empresas socialmente responsáveis e organizações sociais - sobre a contribuição ao exercício cidadão que envolve cada um de nós, os quase 200 milhões de brasileiros.

A política está em tudo, e todo ser humano é um ser político, já afirmava o filósofo Aristóteles. Por mais que fiquemos indiferentes, a eleição, ou melhor, o exercício político do voto mexe com cada um de nós. Em cada esquina, nos encontros, nas conversas do dia-a-dia fazemos análises de conjunturas, avaliamos as atitudes e julgamos os governantes eleitos e os que pretendem à reeleição – nos colocamos em certa condição de cientistas políticos. Este é o ponto central do ser cidadão, ou seja, de se posicionar de forma ativa diante da realidade. Neste entendimento, precisamos atentar para o dever de todos com os rumos da cidade- da sociedade.

Exercício político

Governar é um ato de responsabilidade com os interesses públicos e coletivos. Portanto, deve-se administrar uma cidade com eficiência e excelência de resultados, como se administra um bem particular. A responsabilidade fiscal é compromisso número um dos gestores públicos (executivo, legislativo e judiciário). Ela estabelece compromissos com o gasto responsável traduzidos em planejamento, transparência, preservação do patrimônio público, prevenção de dívidas e controle social. Assim, não se pode gastar mais do que se tem. E deve-se investir o recurso público priorizando intervenções que sejam mapeadas e diagnosticadas no contexto dos desafios da cidade.

Os avanços democráticos brasileiros criaram os mecanismos do controle social e da participação cidadã, como elementos da ação política. A limitação ou a pouca participação impedem o desenvolvimento real e mais próximo do que existe efetivamente num município. Entende-se assim, que todo cidadão tem a análises, e pode ter as respostas, para o contexto onde vive.

Todo governante, ao se candidatar para o cargo, deve se ater ao envolvimento da sociedade. Esta representada nos diversos conselhos de políticas públicas, nas organizações não governamentais, nas empresas comprometidas com a conjuntura sociopolítica, nos movimentos sociais com suas diversas causas e temáticas. Desta constatação, compreender que a ação administrativa se faz atenta a agenda de direitos socioambientais e cidadania inclusiva. Seria o mesmo que dizer, gestão de política pública se faz com base no encontro entre prioridades locais, orçamento e administração eficaz. Assim, sem clientelismo ou preferências. Mas, norteada no que é primordial a ser solucionado. Tendo uma situação a ser resolvida, concentremos os esforços humanos e financeiros para a busca da solução.

Política com todos

A intersetorialidade é outro nome do exercício público. Já não se faz administração e política pública de forma isolada. Há lugar e compromissos para todos! Governos, empresas e sociedade civil organizada; e aqui, eu ampliaria para os indivíduos que, mesmo não estando em entidades, com seu olhar atento, querem e podem contribuir. As associações de moradores, as entidades sociais, movimentos populares e organizações não governamentais- ONGs, devem provocar a ação política nas comunidades, em seus diversos projetos e ações. Todos somos convocados a assentarmos às mesas, participarmos das discussões e apontarmos as melhores saídas para os desafios que vivemos.

Em seu propósito maior, toda ação política deve favorecer o protagonismo de indivíduos no local onde vivem. Todos devemos sair da apatia, do comodismo e compreendermos que, ao abrirmos os olhos, depararmos com o dia-a-dia, mesmo que não queiramos, já fazemos política. A necessidade do diálogo integrado como princípio da governança pública, por governos e sociedade, deve ser reinventado e praticado a todo instante. Neste sentido, será um convite para avançamos, animarmos a “temperatura”, ou mesmo, reinventarmos a nossa democracia!

A consciência maior, que deve pautar as eleições, deve ser a de que por trás de cada voto, há um indivíduo cidadão – eu, você e a sociedade querendo rumos novos. E mais, por trás do conjunto - da soma dos votos - estará apontado um projeto de sociedade. Desta constatação, cabe a nós refletirmos o presente, mas exercermos e exercitarmos de forma séria o futuro bem próximo, com as conseqüências e possibilidades dos quatro anos que virão!

(*) Antônio Coquito é jornalista socioambiental com especialização em Marketing e Comunicação com ênfase em temáticas sociais -Terceiro Setor- Responsabilidade Social - Políticas Públicas. Também em Comunicação e Direitos Humanos com ênfase em Educação e Cidadania.

Antônio Coquito
Enviado por Antônio Coquito em 28/09/2008
Código do texto: T1201101
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