FESTA DE SÃO PEDRO - LEMBRANÇAS DE OUTRORA

FESTA DE SÃO PEDRO – LEMBRANÇAS DE OUTRORA

Até o início dos anos 70 (séc.XX), a maior e mais popular festa religiosa de Governador Celso Ramos era a festa de São Pedro na localidade de Canto dos Ganchos.

A capela de São Pedro foi a terceira igreja católica construída no município, pois já havia as Capelas de Nossa Senhora da Piedade, em Armação da Piedade de 1747, que festejam sua Padroeira no dia 7 de setembro, e a Capela de Nossa senhora dos Navegantes, em Ganchos do Meio datada do final do século XIX, e que hoje é a Matriz das Igrejas Católicas de Governador Celso Ramos, que homenageia sua Padroeira no dia 2 de fevereiro.

A Capela de São Pedro teve sua primeira diretoria no ano de 1923, onde alguns membros da Comunidade se reuniram para a construção de uma capela em homenagem a São Pedro, Padroeiro dos Pescadores.

Só em 1940 iniciaram sua construção em alvenaria, visto que havia uma pequena capela construída em madeira.

Foi nesta época que iniciaram os festejos ao padroeiro dos pescadores, e a festa de São Pedro tornou-se a maior festa popular religiosa da região.

As procissões marítimas até a década de 60 eram feitas nas pequenas embarcações à remos e à vela, e iam de Canto dos Ganchos, com saída do Trapiche que se localizava perto da ilhota ( hoje fundos da casa do Roger Fotógrafo, antiga propriedade de Graciliano Francisco Baldança,o popular Nenén Baldança) até Ganchos de Fora.

Com a ascensão da pesca industrial, as procissões começaram a ser feitas por grandes barcos pesqueiros.

As comemorações a São Pedro eram tão especiais para a população de Governador Celso Ramos, mais precisamente para os de Canto dos Ganchos, que na sexta-feira que iniciavam as festividades o porto se tornava pequeno para os barcos. Essa data era forte no calendário dos Gancheiros que muitas vezes preferiam perder outras festividades, que perder a festa de São Pedro.

Os trapiches das empresas de pesca, principalmente o trapiche que existia onde hoje é a Praça Guilherme Simão, eram disputados pelos barcos que desejavam transportar a Imagem do Padroeiro e a Banda de Músicos, que eram atrações importantes e obrigatórias nestas festividades.

Foram centenas de colaboradores que por esta festa passaram todos os anos. Quem não lembra de Antonio Pedro das Mercês, Rubens da Silva, Ciriaco dos Santos (o Ciriaco Ganchero), Albertino Tito Oliveira, Jaime José da Silva, João Jaime da Silva, Miguel Pedro dos Santos, Elói Antonio Oliveira, Jair Manoel de Oliveira, Norberto Bittencourt, Darcira Maria Julicera, Alda Oliveira Duarte, Zélia Baldança Oliveira. Muitos citados, já falecidos, e outros tantos que não foram citados, que fizeram acontecer a festa , que se doaram e que ainda se doam em prol da comunidade católica de Canto dos Ganchos.

Uma festa que marcou tantos batizados e tantos casamentos. Uma festa que marcou a vida de uma comunidade por ter a maior festa religiosa da região.

Hoje os festejos continuam levados pela boa vontade de muitas pessoas da comunidade.

A população cresceu, o espaço das festividades se tornou impróprio, sem condições para estacionamentos, e um salão de festas pequeno, talvez sejam alguns dos fatores que vieram aniquilar a tão famosa festa.

Não é mais aquela festa que marcou épocas, registrada na memória do povo que teve o privilégio de acompanhar, mas continua sendo celebrada em homenagem ao homem do mar, que tem como padrinho Pedro, um dos doze discípulos de Jesus, que soube bem respeitar os pescadores. Não vimos mais a estrada geral e o morro da igreja tomadas pelas barracas, mas ainda continuam pela persistência e fé do povo católico, as procissões, as novenas e as missas que registram o compromisso do povo com uma festa que ainda não acabou.

São Pedro é comemorado no dia 29 de junho e as festividades sempre acontecem no final de semana próximo a essa data.