CRIVO - UM DOS MAIS BELOS ARTESANATOS DA REGIÃO GANCHEIRA

CRIVO – UM DOS MAIS BELOS ARTESANATOS DA REGIÃO GANCHEIRA*.

As peças de fabricação manual em renda de bilro, crivo e bordados estão presentes no povoado de Ganchos desde o século XIX, trazidos por descendentes portugueses que por aqui fixaram suas residências.

O crivo é um dos mais belos artesanatos já visto na região, tem percorrido o tempo e passado de geração a geração, desde 1874. O crivo veio para esta terra trazido por Luíza Flauzina de Azevedo, uma descendente portuguesa que para cá migrou após o casamento com Manoel José de Azevedo, conhecido no povoado por Mane Ilhéu.

Dona Luíza aprendeu a arte, na antiga Desterro, com sua mãe e aqui (Canto dos Ganhos) a “novidade” fez sucesso entre as mulheres, pois numa espécie de escola de ofícios, nas tardes, juntavam-se meia dúzia delas para aprender a fazer o crivo. Embora não tenha sido o primeiro trabalho em grupo no povoado, já que a farinhada e a colheita do café eram atividades trabalhadas no coletivo, o crivo atraía moças solteiras e mulheres casadas, agregando não apenas pessoas da mesma família, mas todas que tivessem disposição e vontade de aprender.

Luíza Flauzina de Azevedo foi pioneira dessa arte espalhada pelos arredores de Ganchos e suas descendentes, já na quinta geração, ainda mostram habilidades nas agulhas e a perfeição na arte como é o caso de Zildete de Oliveira Simão (49), trineta de Luíza que mantém viva na família a tradição da arte.

Zildete de Oliveira Simão é filha de Zélia Baldança de Oliveira, que é filha de Luíza Peixoto Baldança,que é filha de Margarida Luíza de Azevedo Peixoto, a filha de Luíza Flauzina de Azevedo.Todas eram criveiras e hoje dona Zélia e a filha Zildete nas horas vagas se dedicam a arte.

Outra descendente de Luíza Flauzina de Azevedo, que mantém acesa esta arte, é a neta Clarisse Peixoto Oliveira (93), filha de Margarida Azevedo Peixoto.

Dona Clarisse diz que sua mãe fez com que todas as quatro filhas (Zuleida, Luíza, Geni e Clarisse) aprendessem a trabalhar no crivo, uma maneira de ajudar na renda da família,visto que o artesanato sempre foi muito procurado nessa região.

Hoje além de uma Associação de Criveiras, criada no bairro Jordão, muitas mulheres se dedicam a arte, criando os mais belos modelos de peças que enaltecem a cultura do crivo em Governador Celso Ramos, que tornou-se um dos artesanatos mais procurados no município por turistas de todo estado.

Fazer o crivo é ter paciência e habilidade , disse a senhora Zildete de Oliveira Simão que nos mostrou os passos a serem seguidos:

Primeiro é necessário contar e cortar a linha e desfia-lo, depois colocá-lo no bastidor (suporte de réguas de madeiras). O segundo passo é tampar, ou seja, fazer o desenho desejado. Em seguida urdir, que implica em amarrar a linha reforçando o espaço desenhado. Depois é casear, que é fazer o acabamento, costurar, formato de renda e por último é recortar e tirá-lo do bastidor.

* Dados extraídos de SIMÃO, Miguel João. Mulheres de Ganchos. Edição do autor. 2006. p. 43-45.