Chico, Kardec e a arte de consolar
A continuidade da vida além da efêmera existência física é uma realidade. Embora seja idéia comum para muitos povos ao longo dos milênios de civilização, há, ainda hoje, uma multidão inconsolável de pessoas que sofrem pela partida do ente amado. Consideram que a morte do corpo físico é o final de tudo, e que não sobrará senão lembranças, muitas guardadas nos baús em fotos que alfinetam o coração e transformam em meras migalhas os relacionamentos baseados na sincera afeição. No entanto, é preciso reforçar que estão equivocadas, o Espiritismo comprova definitivamente a imortalidade da alma nas pesquisas e estudos realizados por Allan Kardec, e mais adiante pelas divinas mãos de Chico Xavier, que transformou lágrimas de tristeza e desolação em alento e esperança a corações combalidos pela partida do ente querido.
Aliás, a bibliografia nascida do médium Chico Xavier merece capítulo à parte, de suas mãos por intermédio da espiritualidade floresceram livros com os mais diversos assuntos nas mais diferentes áreas do saber humano. Tão fascinante a figura de Chico que, não raro, o médium necessitava utilizar o que o mundo da gramática chama de hipérbole, ou seja, uma linguagem exagerada para expressar pensamento. Em relação a si mesmo, costumeiramente Chico dizia ser apenas um cisco, não porque depreciasse sua imagem, mas sabedor da tendência humana à idolatria fazia questão de ressaltar seu lado humano para que não o colocassem acima do bem e do mal endeusando sua figura. E ainda assim, alguns o idolatravam, tentando imputar a ele um caráter místico, sobrenatural, no entanto, imperturbável, o médium seguia firme, sereno em sua tarefa mediúnica com Jesus.
Contudo, como o assunto central é o consolo proporcionado pela literatura espírita, destacamos o livro “Estamos Vivos” publicado pelo Instituto de Difusão Espírita – IDE – obra esta portadora da história de jovens que tiveram o desencarne brutal em acidente automobilístico, chocando, naturalmente, toda a família e a população de Frutal - MG, cidade onde residiam, isto no ano de 1985.
O livro mostra que a vida rompe os corredores escuros de uma morte que nos foi ensinada como um arcabouço sombrio e torturante. Além de confortar a família dos jovens pelas cartas escritas contando particularidades conhecedoras apenas dos familiares, a obra instrui e ensina comprovando a imortalidade da alma.
Coloco-me a pensar na dor e dificuldade dos familiares em encarar o desencarne de seus amores, são momentos de angustia, aflição, desalento e impotência, porquanto a morte, quando não analisada sob o prisma da continuação da vida, traz consigo o sentimento de impotência, fazendo-se soberana onde o servo ou o senhor, o obtuso ou o inteligente, o são ou o doente são obrigados a aceitar inapelavelmente seus insondáveis desígnios. O Espiritismo nesse mister desempenha nobre e esclarecedor papel; o papel de consolar e mostrar o caráter temporário da separação. Sim, Para nós espíritas a idéia do reencontro com os amores que nos precederam na grande viagem é comum, todavia, nem todos têm esse conhecimento. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) somente 1,3% da população brasileira é espírita. Não que para ter conhecimento da continuação da vida seja necessário abraçar a causa kardequiana, porquanto a realidade da vida que rasga o véu da morte é uma verdade, e como verdade cedo ou tarde manifestar-se-á nas consciências e corações de todos, sem que seja preciso estar nesta ou naquela religião. Porém, forçoso admitir que o Espiritismo traz em seus princípios o papel de consolar; porquanto consolar significa encorajar a prosseguir, enxugando lágrimas e alegrando a jornada daqueles que estão em situação de desânimo, de modo a tornar menos penosa a partida e menos aguda a saudade dos amores colhidos pela ventania da morte do corpo físico. A missão do espírita, portanto, é divulgar as obras de Kardec e Chico para que mais e mais pessoas tomem conhecimento dos benefícios oferecidos pela literatura espírita. Fica, pois, a dica para leitura do livro “Estamos Vivos”, psicografada pelo inesquecível Chico Xavier.
Pensemos nisso.