A cara do crime mudou
Já foi tempo que bandido tinha cara feia e era ignorante. Hoje o número de jovens bem afeiçoados e universitários, pertencentes às classes média e alta, que estão na criminalidade, aumentou muito. Não só embriaguez e brigas em trânsito fazem parte da ficha criminal deles, mas também tráfico, assalto e seqüestros. Mas por que a marginalidade tem atraído tanto essas duas classes?
A rebeldia e, principalmente, a vontade de transgredir leis são os primeiros fatores que levam jovens para a criminalidade; juntamente com o esvaziamento ideológico. “O jovem é transgressor de natureza”, afirma o sociólogo Gilson Caroni Filho. Além disso, a falta de zelo pelo nome e metas da família e pelos costumes antigos os deixam a deriva. Eles não têm sido educados moralmente também, pois a boa condição familiar faz com que o suprimento de necessidades e caprichos sejam as instruções mores.
Outro fator relevante é o exibicionismo e a sensação de poder. Muitos deles, frustrados profissionalmente e sem condição de ter um padrão alto de vida que ambicionavam, preferem o lucro rápido e alto das drogas. A mídia não divulga a criminalidade na classe baixa tanto quanto na classe média e alta. O que Faz esses playboys delinqüentes adquirirem fama repentina.
Muitos viciados não querem ir à favela comprar drogas, pois ela se tornou perigosa. A falsa impressão de segurança no asfalto tem aumentado as vendas dessa nova classe de traficantes. Os dependentes químicos acreditam ser esse lugar menos violento.
A bagagem cultural e a facilidade de sair do país são outros fatores preponderantes para a ida deles para o crime. Universitários e poliglotas têm sido arregimentados para facilitar as negociações internacionais. Muitos fazem viagens de férias, a estudo ou a trabalho e aproveitam esse constante deslocamento de um país para o outro para traficar.
Portanto, diferentemente daqueles que cometem um ilícito penal por falta de perspectiva e oportunidade, esses garotos privilegiados cometem conjuntos de crime por ambição, fama e por anarquismo.