COMUNICAÇÃO II
Chamo Passos de minha cidade, por que o aqui não ter nascido é um mero acidente de percurso. Tanto minha já falecida "Mãe" quanto meu ainda vivo Pai , que com os seus 96 (noventa e sêis anos de idade) ainda tem cabeça e coração para falar-me de suas origens aqui nesta cidade. É isso mesmo, ambos são daqui de Passos. Tradicionalmente daqui. Com os seus pés aqui fincados desde a época da colonização. É por tais razões que vou me sentir muito à vontade para afirmar que Passos precisa urgente lutar com sua perda de posição para cidades como VARGINHA, POUSO ALEGRE E tambem a sempre alegre POÇOS DE CALDAS.Num lapso havia colocado Itajuabá, que ainda não atingiu a casa dos 90.000 hab.
-Botem o seguinte na cabeça! todas elas já tiveram suas populações e níveis socioeconômicos inferiores aos de PASSOS.
-E hoje? hoje todas já suplantaram Passos. Respondam-me, por favor respondam-me. O que é que vamos fazer para tirar esta diferença, para sanar esta nossa vergonha. Estou até ouvindo um gritinho de protesto lá no fundo da sala. Ah! mas a coronelista UBERABA DO ZEBU também ficou para traz da PROGRESSISTA UBERLÂNDIA. Olha meu filho, doença alheia não cura nossa doença, que cura nossa doença é remédio.
Num primário esforço de levantamento de causas para os nossos cruciantes problemas temos aquilo que o passense vive gritando aos quatro ventos e a plenos pulmãos: nossa falta de representatividade no legislativo estadual.
-Mas será só esta? Acho que ela não passa da conseqüência de uma causa ainda mais profunda. Não podemos falar em povo de Passos.Por que apezar de já sermos mais de cem mil os que nela habitamos,jamais, em tempo algum, a população de Passos conseguiu ter uma consciência coletiva que refletisse seus sentimentos coletivos de amor por Passos.
Uma cidade sem consciência coletiva é um terreno propício ao nascimento do mercenarismo, do arrivismo que são as facetas negativas do descompromisso cívico.
Em Passos há uma sombra de dor pairando na mente da população excluida. O periodo dos nebulosos trinta anos de jaguncismo coronelista, bastou para imprimir no presente desta cidade e mostrar agora, e muito claramente, que ela ainda continua sendo patrimonio das oligarquias.Mais do que isso! este quantitativamente pequeno grupo continua pisoteando e sufocando os fracos lampejos da nascente democracia municipal. Passos, ainda que diluido em bem elaborados argumentos sofistas, nunca deixou de ser propriedade particular das tribos neocoronelistas, onde a ordem legal vigente continua nada significando contra os caprichos dos manda-chuvas. Mas a chibata e o florete do ministério já começaram a traçarem a marca dos seus ""ZZ"". Mas não será fácil para os neocoronelistas entenderem que, ""terra boa é terra justa"" e que a semente da prosperidade só consegue germinar no solo que for adubado pela """JUSTIÇA""".