Que Informação?

Ninguém terá dúvidas da importância de estar informado, principalmente perante uma sociedade em vertiginosa efervescência ou mesmo mutação!
A falta de conhecimentos da realidade do dia-a-dia dificulta e pode até prejudicar o desempenho da actividade das pessoas. Ouvir por exemplo no noticiário que os prazos para a renovação da carta de condução foram alterados, ou que a companhia de seguros X, está em perigo de ir à falência, pode permitir-nos tomar decisões mais acertadas ou gerirmos melhor as nossas actividades.
Apreciar trabalhos que difundem engenho e arte; conhecer reportagens que divulguem os mais diversos aspectos da evolução da humanidade; assistir a debates elucidativos da capacidade criadora ou admirar trabalhos que transmitem sentimentos que estimulem a criatividade ou o desenvolvimento de características de personalidade positiva, são apenas alguns exemplos do valor inestimável de uma informação de qualidade.
A informação que nos é disponibilizada diariamente pelos mais diversos meios, é de tal importância que é desnecessário descrever aqui todo o seu valor!
Há, no entanto, alguns aspectos sobre a qualidade de um número assustadoramente crescente de órgãos de informação que gostaria de salientar, mesmo que apenas muito superficialmente.
Creio que a maioria das pessoas desejaria começar cada um dos seus dias da forma mais agradável possível. Gostaríamos por ventura de acordar, começar com pensamentos positivos, um sorriso nos lábios, desejar um bom dia à família, aos colegas de trabalho e a todas as pessoas com quem temos de inter-agir. Creio poder acreditar que a maioria das pessoas desejaria gerir o seu dia, sem o penetrante condicionamento pró violência que certos órgãos de comunicação exercem cada vez mais subtilmente sobre nós.
Que pensar se logo ao primeiro noticiário e continuando por todo o dia, a selecção informativa dos diversos canais televisivos, jornais ou Internet, incidir quase preferencialmente e de forma exaustiva, sobre as maiores desgraças, atrocidades, violência e outros temas que a meu ver, condicionam o início do dia da forma mais deprimente que é possível imaginar?
Temos também no decorrer do dia os programas infantis ou juvenis, que cuidam ao pormenor de ensinar aos nossos filhos, todas as formas de perversão, ideias macabras e violência tanto na palavra, na imagem e até na música.
Se ao fim de um dia de trabalho, procurarmos aliviar o stress na contemplação de um programa televisivo, é quase certo que vamos ser bombardeados por avalanches das mais hediondas formas de violência, recheadas de conceitos de corrupção, ódio, vingança, falsidade, intolerância, egoísmo e de um sem número de actos que nem todos os animais selvagens praticam.
Creio que você também já pensou nisto e ousaria até acreditar que recordou com saudade os tempos em que se tratava o ser humano e a própria natureza com mais dignidade, respeito e tolerância!
Bem sei que não se deve generalizar e que felizmente ainda há honrosas excepções ao que aqui referi, mas o que faz doer, é que essas excepções são agora cada vez mais raras, ficando nós perante esta onda avassaladora de comunicação depressiva e assustadoramente controladora!
Mas porque chegámos a este estado de coisas? Dizem que são as audiências que determinam a selecção dos programas!
Será que tenho que acreditar que a maioria da população ama a tal ponto a violência e a degradação que força os gestores dos media a essa manifestação de preferências?
Não!
Não posso acreditar!
Deixem-me pensar que a generalidade das pessoas e dentro dos princípios da liberdade de escolha e de expressão, se lhes fosse dada a oportunidade de optar, preferiria para o entretenimento e informação de seus filhos, programas com outra qualidade mais digna e para si próprias, pelo menos mais possibilidade de livre escolha!


Tércio Oliveira
Enviado por Tércio Oliveira em 20/09/2008
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