MASSA DE MANOBRA POLÍTICA
As eleições majoritárias (eleições para elegerem prefeitos) e proporcionais (eleições para elegerem vereadores) de 2008 prometem, na reta final, todas análises possíveis e impossíveis – que me digam os doutores em Ciências Políticas das principais Universidades do mundo que com perplexidade elaborariam teses e, nesses campos de trabalho, iriam descobrir fenômenos científicos nunca antes assimilados.
Como já dizia o monstro em letras o instigante escritor João Guimarães Rosa – neste ano comemora o centenário de vida –, que Minas Gerais é um rosário de idéias.
Existem todas tipologias de candidatos tanto a vereadores como prefeituráveis e, antes de tudo, à presença do eleitorado que se define em partes: pela dualidade sem informação e nem sequer se preocupa em buscá-la; pelo interesse financeiro imediato e pela consciência política que é um número reduzido do eleitorado. Apesar de tudo, o eleitorado, com o passar do tempo e diante de tantas falcatruas e más gestões políticas, está sempre amadurecendo e, então, adquiri o senso crítico.
Existem vereadores que na campanha fazem e prometem de tudo: compram votos onde podem e subornam outros eleitores que desejam tirar vantagens desse ato fraudulento; falam de boca cheia que vão realizar obras de todos os tipos em todas as áreas de atuação e até se confundem com o super homem pela imensa disposição para o trabalho; mas uma vez um deles eleito jamais sequer comparece, diariamente, à Câmara Municipal porque tem outras atividades particulares e até emprego em empresas privadas. O cargo de vereador vira negócio lucrativo, afinal uma parcela salarial ao longo de quatro anos é destinada a compra de votos; logo não tem compromisso com ninguém. Ora, o vereador trabalha na elaboração de leis, comissões e, fundamentalmente, com tenacidade para fiscalizar as contas públicas administradas pelo prefeito – isto todos nós sabemos!
Os candidatos a prefeitos fazem as campanhas com raras às exceções de forma democrática. A reeleição para prefeito, em pequenos municípios, é um fator antidemocrático porque o prefeito irá usar de qualquer maneira a máquina administrativa e o poder de influências e, mesmo que haja denúncias, o poder público não terá condições de fiscalização, assim o eleitorado por interesses financeiros irá votar a favor em perpetuar no poder um mau político – porém, ambos correrão sérios riscos de se malograrem. Os candidatos ao cargo majoritário que atuam de forma transparente na campanha terão dificuldades no convencimento do eleitorado que também atua com vícios eivados na política municipal.
Nessa guerra municipal, muitas vezes, em que os candidatos aos cargos de prefeito e vereador que visam interesses particulares, o eleitorado que eleger mal os candidatos irá contribuir para que o município tenha mais um longo tempo perdido – diante do atraso municipal causa-nos muita indignação! Eleitor aposte em novos políticos que se responsabilizam pelo social.
A preocupação maior está presente naquele candidato que usa de mentiras; agir comunicativo retrógrado; ganâncias e barulhos; do poder financeiro e de pesquisas eleitorais falsas para induzir na última hora o eleitor sem consciência política ou do voto útil (votar no menos pior dos candidatos), e esse candidato-eleitor faz do voto – dever cívico e instrumento inovador e crítico –, um voto de massa de manobra.
Assim, as lideranças políticas se desfazem, se pulverizam, e nunca haverá mudanças eficazes nos municípios porque os maus políticos profissionais apostam nas eleições, praticam barganhas, no poder o diálogo da campanha eleitoral sofre mudança danoso, não priorizam as necessidades básicas e os interesses coletivos municipais. Isto também todo o mundo sabe, no entanto, o eleitor deve muito desconfiar daquela figura indigesta que sempre aparece, toda a vida, na cena política.
Autor do romance lírico infanto-juvenil Um Carro de Bois que Transportava Logos e de coletâneas como: Rio das Velhas em Verso e Prosa (Prêmio Projeto Manuelzão/UFMG/Morro da Garça/2006); Letras Mínimas (Ed.Guemanisse/2007); Elos e Anelos – Menção Honrosa (Teresópolis/2008).