Bem vindos à segregação...
Bem vindos à segregação...
Duas manchetes de jornais, tratando do sistema de cotas para negros nas universidades, chamaram minha atenção, a primeira que relata a falta de negros para o preenchimento das vagas ofertadas e a segunda, ainda mais interessante, que denuncia os casos em que estudantes brancos estariam colocando em seus vestibulares a sua classificação como sendo negros, numa tentativa desesperada de ter dessa forma facilitado seu ingresso na universidade pretendida.
Já há algum tempo tenho vontade de falar sobre o sistema de cotas para negros nas universidades, que acho extremamente prejudicial aos dois lados em questão, é uma medida errada, pode até ter sido feito com boa intenção, tentando resgatar aos negros um pouco do que lhes tiramos no passado, mas é equivocada, não traz resolução nenhuma ao sistema de ensino, aliás, um sistema de ensino precário, diga-se de passagem.
Não é priorizando determinada classe que as coisas vão se resolver, é preciso valorizar os bons alunos, sejam eles de que cores forem. As provas do Enem é que deveriam priorizar os melhores colocados e esses sim terem suas bolsas de estudo para poderem cursar uma universidade, independentemente de o aluno ser branco, negro, amarelo ou vermelho. As escolas públicas deveriam pré-selecionar seus alunos mais bem preparados, com as melhores notas, com o melhor comportamento, fazendo com isso, que os alunos se esforçassem cada vez mais em seus estudos, que os pais acompanhassem de forma mais efetiva os estudos dos filhos para que tivessem assegurada a tão sonhada vaga na universidade e os alunos melhorassem o seu comportamento dentro e fora do ambiente escolar.
O sistema de cotas que aí está, a meu ver, só serve para que haja mais discriminação ainda, a concorrência desleal entre alunos que poderiam estar em igualdade de condições, mas que pelo simples fato de serem de cores diferentes, estão sendo colocados de lados opostos. Isso nada mais é que uma nova forma de segregação, onde o aluno negro seja bom ou ruim poderá encontrar muito mais dificuldade nas universidades, sem contar que se garante a vaga, mas descuida-se da qualidade do aluno, assim o aluno até entra, mas não tem condições de acompanhar o ensino, começa mas não termina.
A qualidade dos profissionais do futuro está em jogo, precisamos nos debruçar sobre os detalhes que envolvem uma educação de qualidade, remunerar com dignidade nossos professores, essa classe tão esquecida pelos poderes constituídos, priorizar uma educação básica com eficiência, melhorar sobremaneira os ambientes escolares e acima de tudo oportunizar bolsa de estudo aos alunos bons, aos que realmente façam por merecer, pois a continuar assim, logo teremos sistema de cotas para índios, para pessoas de olhos azuis, e daí por diante e essas medidas protecionistas, são simplesmente separatistas, inviáveis e desnecessárias.
Adilson R. Peppes