USE SEU DEDO COM SABEDORIA

Natal começa a adquirir status de “cidade grande”: tornou-se natural ver motoristas presos em grandes engarrafamentos, assim como também se tornou freqüente a divulgação de escândalos envolvendo nossos políticos. A cidade faz parte da rota internacional de tráfico, enquanto a exploração sexual infanto-juvenil e a morte de pessoas vitimadas por balas perdidas, entre outras mazelas comuns às “cidades grandes” já não surpreende a mais ninguém.

O pior nisto tudo é ver que a campanha eleitoral deflagrada para escolher o novo prefeito da cidade, parece deixar a população completamente anestesiada, incapaz de se indignar com os absurdos praticados por nossos governantes. Faz pouquíssimo tempo, que uma Técnica em Enfermagem foi morta dentro de um ônibus durante um assalto, e até agora nada foi feito para inibir a ação dos bandidos no que se refere aos assaltos dentro dos transportes coletivos.

Por parte do povo nenhuma reação foi esboçada. Motoristas e cobradores das empresas de transportes coletivos realizaram uma parada de protesto durante uma hora e não receberam qualquer apoio dos usuários dos transportes. Muito pelo contrário, ouviram bastante desaforos por tentarem defender o direito dos cidadãos natalenses de viajarem em segurança.

Na hora de cobrar seus direitos, de cobrar segurança aos governantes, o povo se acovarda; baixa a cabeça; recolhe-se à sua insignificância como se a insegurança que impera por toda a cidade não lhe dissesse respeito.

Enquanto isso, as ruas estão cheias de cabos eleitorais correndo atrás dos trios elétricos dos candidatos, que feito aves de rapina almejam sentar na cadeira do prefeito Carlos Eduardo. A disputa por um assento na Câmara Municipal também é muito acirrada, especialmente pelos vereadores tradicionais e que apesar das várias décadas de poder, ainda perseguem mais um mandato eletivo.

Vergonhosamente, vários desses candidatos que tentam ser reconduzidos à Câmara Municipal, estão com seus nomes envolvidos na Operação Impacto e foram denunciados pelo Ministério Público acusados de corrupção passiva.

É revoltante ver a falta de vergonha desses políticos e dos cabos eleitorais, que tentam arrebanhar votos para eles. Parece que basta apenas um gole de cachaça e o som de uma música do tipo “chupa que é de uva” ou “senta que é de menta”, para que todos se esqueçam do desvio de verbas, durante a votação do Plano Diretor da cidade. O som do trio elétrico parece ter o poder de idiotizar a todos.

As promessas são as mesmas feitas durante aquele longínquo tempo em que os dinossauros habitavam a Terra ou aquele em que a gasolina era barata. Nesse pleito, porém, ganharam uma versão mais atualizada, e agora eles prometem atender às necessidades mais atuais, ou seja, coisas como educação e saúde de qualidade, mais segurança para a população aumentando o efetivo policial, melhorar o trânsito da cidade e fazer a despoluição do rio Potengi, afinal, cuidar do meio ambiente está na moda.

Agora vai! Este ano, conforme prometem os candidatos, todos os problemas que afligem a população natalense serão resolvidos com um simples “abacadabra”. Ora, se os problemas da cidade são fáceis de resolver, porque não o foram nas últimas décadas, visto que uma boa parte dos representantes do povo está na Câmara Municipal há mais de oito anos?

É hora de o povo ir às ruas. Não para correr atrás do trio elétrico de políticos cara-de-pau, acusados de corrupção e nem para pedir uma dentadura ou um par de óculos, mas para exigir que eles cumpram com suas obrigações de garantir ao povo uma vida digna com direito a uma educação de qualidade, com mais segurança, saúde, rio despoluído e trânsito fluindo. É para isto que eles são eleitos e muito bem remunerados.

Portanto, antes de votar, pense muito bem antes em quem você vai reconduzir para o cargo de vereador. Lembre-se de que funcionário ineficiente é o mesmo que jogar dinheiro fora. Será que ao invés de um voto, o candidato não merecerá receber um vidro de óleo de Peroba? Pense no poder que tem a ponta do seu dedo na hora do voto. Use-o com sabedoria.