MINISTÉRIO DA SAUDE ADVERTE: COMER FAZ MAL
O MINISTÉRIO DA SAUDE ADVERTE: COMER FAZ MAL.
Existem hábitos alimentares que vão mudando com o tempo. Alguns por necessidade, outros por facilidade, por influência da mídia, por ser novidade trazida por alguém.
A enxurrada de opções em comidas semi-prontas e congeladas vem aumentando a cada dia que passa. É bom pro consumidor porque ele não precisa perder muito tempo para o preparo e, no preço não vem embutido o custo de se comer em um restaurante. Contudo, quando se trata de comida congelada ou enlatada, os cuidados devem ser muito grandes quanto à segurança do alimento.
No ano passado o Ministério da Saúde gastou Quinze bilhões de reais com o tratamento de pessoas intoxicadas ou com alguma infecção intestinal provocada pela ingestão de alimentos contaminados. Quase meio milhão de pessoas foi atendido. 6.320 não resistiram e morreram. O número é quase igual ao de pessoas que morreram em acidentes automobilísticos em estradas federais que foi de 6.840 pessoas. Números anteriores à lei seca. Não conhecemos o prejuízo causado por faltas ao trabalho, nem aquele das auto-medicações, onde a vítima corre risco de nova intoxicação por remédios.
Se falamos aqui do risco de alimentos semi-prontos não estamos querendo dizer que são de procedência duvidosa, mas que sua conservação exige equipamentos e pessoal com conhecimento. Quando um mercadinho reembala um alimento com a data de validade vencida está incorrendo num crime. Às vezes também grandes supermercados fazem isso. Promoções onde os preços estão reduzidos, muitas vezes significam que os produtos estão prestes a vencer.
Outro fator de contribuição à alta taxa de intoxicados é a comida de rua. O número de ambulantes cresce a todo dia. As autoridades fazem vista grossa e não fiscalizam por tratar-se de pessoas sem recursos. O único meio de vida que estes ambulantes vislumbram é vender comida na rua. Ao não fiscalizar, o poder público foge à sua obrigação e submete a população a riscos perfeitamente previsíveis. Se um grande supermercado é capaz de cometer crimes para não ter prejuízos, imagine o que o ambulante vá fazer com a comida que não for vendida naquele dia. A conta do hospital dos clientes do “clandestino” é paga pelo contribuinte legalmente estabelecido.
Não falamos apenas do menosprezo de normas básicas no preparo desses alimentos de rua, mas também de sua exposição a intempéries na hora de servi-los. Normalmente, na rua, longe de uma torneira com água corrente, próximo a poeiras, fumaça de caminhões, “córregos” de dejetos, mãos pouco limpas de cliente que remexem, etc. Não estamos dizendo que bons restaurantes não possam cometer deslizes no cuidado com a contaminação de alimentos. Mas estes tomam muito cuidado porque um único caso pode afastar clientes e comprometer o futuro de todo o negócio.
Não nos admiremos se surgirem legisladores com leis “rigorosíssimas” , a exemplo da lei seca que de “novo” tem apenas uma cláusula implícita: “Cumpram-se as leis anteriores.” A pressa em formular leis por causa da ineficiência na fiscalização das anteriores é um hábito em nossos legisladores.
A televisão está cheia de imagens de acidentes provocados por motoristas embriagados, sugerindo que todo aquele que bebe e um ou dois chopinhos seja um grande criminoso, ao dirigir. Quando vamos acordar e fazer campanhas para acabar com a cultura da comida estragada em cada esquina? Campanhas não precisam de novas leis. Ao jogar quinze bilhões no tratamento da intoxicação alimentar o governo está gastando quatro vezes mais que o custo da violência, ali incluídos os acidentes de trânsito.
Contudo, não há uma única família onde não haja registro de algum membro com passado de intoxicação alimentar. Enquanto o poder público aloca a polícia para prender donos de bares que cometem o crime de aliviar as dores das almas dos freqüentadores, as pessoas abstêmias continuam engrossando as filas no atendimento do SUS.
Luiz Lauschner – Escritor e Empresário
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