O risco da divisão do Brasil
O RISCO DE DIVISÃO DO BRASIL
Osmar José de Barros Ribeiro (*)
“Um poder estranho ameaça a integridade do Império e tão estólida ousadia jamais deixaria de ecoar em nossos corações brasileiros. O Rio Grande do Sul não será o teatro de suas iniqüidades e nós partilharemos a glória de sacrificar os ressentimentos criados no furor dos partidos, ao bem geral do Brasil.” (Manifesto do Poncho Verde, em 28 de fevereiro de 1845)
Há quase 164 anos, o sentimento de brasilidade falou mais alto no coração dos guerreiros gaúchos. Hoje, impera entre os ocupantes dos mais altos postos governamentais, tudo indica, o malfadado “internacionalismo proletário” que intenta colocar-nos sob a orientação de uma organização semiclandestina, o Foro de São Paulo, inspirado por um moribundo e contando com a coadjuvação do presidente brasileiro.
Pouco mais de duas décadas após os “governos militares”, quase nada se fez ou se faz em benefício de um povo que vive imerso num mar de pirotecnia verbal. E, o pouco que é realizado, obedece à inspiração advinda da ambição de um partido que, sonhando em perpetuar-se no poder, pretende voltar ao passado e transformar o Brasil numa república socialista. E as pesquisas de opinião, por incrível pareça, dão ao corifeu petista, os mais altos índices de aprovação (desde que se não os compare com os governos militares).
Arrogantes e incompetentes, comunistas, socialistas, populistas e oportunistas, hoje ocupam o poder. As palavras e as ações “politicamente corretas” dominam a tudo e a todos, transmitindo a perigosa ilusão de vivermos em uma ilha parasidíaca, a salvo das tragédias e dos problemas mundiais. As lutas do passado são esquecidas, enquanto o mais alto mandatário da Nação diz faltarem heróis que nos inspirem.
E tais “patriotas”, numa aliança espúria com interesses internacionais assistem, impávidos e felizes, às ameaças de balcanização que pairam sobre o Brasil. Aí estão as enormes reservas indígenas, somando quase 13% do nosso território e transformando os índios nos maiores latifundiários desde os tempos das Capitanias Hereditárias; aí está o MST, decidido a levar-nos de volta ao século XIX, buscando a ocupação de áreas estratégicas próximas a usinas hidrelétricas e a cavaleiro de rodovias importantes; aí estão os quilombolas. E tudo transcorre com o beneplácito de um governo submisso às imposições de ONGs e de governos estrangeiros, agindo de forma “politicamente correta” e em nome de uma “justiça social” até hoje mal explicada.
Afastados os ministros militares das grandes decisões; entregue o Ministério da Defesa a políticos incompetentes e/ou vaidosos e o planejamento estratégico a um professor de Harvard; sucateadas as Forças Armadas material e tecnicamente, estiolada a formação dos seus recursos humanos, aviltada a remuneração dos seus integrantes, perseguidas que são por um revanchismo impatriótico, há que reagir a tal estado de coisas. Seus Chefes não têm o direito de assistir, mudos e quedos, ao virtual abandono do Projeto Calha Norte e a criminosa delimitação de terras indígenas em áreas de fronteira.
O Poder Legislativo, hoje mero despachante das instruções palacianas, tem o dever de agigantar-se, não na instalação de CPIs inócuas e caras, mas na elaboração de leis justas e coerentes, sua destinação e razão de ser. Cabe-lhe exigir os seus direitos, mas cabe-lhe também, e isso é fundamental, cumprir os seus deveres. Seus integrantes, mais que tudo, devem aprender a examinar, com os olhos da razão, as matérias que lhe são enviadas pelo Executivo, corrigindo-as ou recusando-as, em lugar de ceder em troca de favores.
Atentemos para o fato de que o governo petista está, de forma criminosa, criando o racismo numa sociedade sem irreparáveis divisões étnicas e, alimentando a rivalidade entre as regiões do País ao admitir a permanência de bolsões de pobreza naquelas menos desenvolvidas. Assim, acirram-se as tensões e passamos a ver-nos ou como exploradores ou como explorados, dentro dos princípios da luta de classes.
Em que redundará tudo isso? O Ministério das Relações Exteriores, no passado acérrimo defensor dos nossos direitos, assina uma absurda e criminosa Convenção dos Direitos dos Povos Indígenas e, na Câmara dos Deputados, um parlamentar, movido sabe-se lá por quais interesses (não certamente os brasileiros), propõe – e é aceito por seus pares - que matéria da ONU sobre “direitos humanos” venha a ser incorporada aos mandamentos constitucionais.
Na Região Sul, lateja um movimento separatista. Na Amazônia, que possui da ordem de 60% do nosso território, a aliança entre o movimento ambientalista-indigenista de inspiração internacional e missões ditas religiosas, inspira a criação de “nações indígenas” nas vastas áreas que lhes foram destinadas, tudo sob o olhar inconseqüente de um governo preocupado, como já afirmamos, em perpetuar-se no poder, ainda que à custa da perda de territórios.
No passado, a ação de José Bonifácio criou as condições para que, independente de Portugal, o Brasil fosse organizado como Império, evitando nosso esfacelamento em Repúblicas. A Caxias, coube a missão de, pela ação militar, manter a unidade nacional em torno do Imperador.
Falta-nos alguém que, com decisão, firmeza e coragem, represente uma liderança determinada a levar-nos na senda do progresso moral e material. Que afronte, com independência e vigor, as pressões internas e externas. Alguém que ame a sua Pátria acima de tudo. Se não o encontrarmos, a divisão do Brasil será uma mera questão de tempo.
(*) Osmar JB Ribeiro é tenente-coronel (reformado) do Exército.