A Ilusão do Carnaval
A Ilusão do Carnaval
O deslumbramento, o luxo, as cores das fantasias, os colossais carros alegóricos dos desfiles, das Escolas de Samba, durante o carnaval carioca lembra os reinados. O narcisismo também da classe média. Brincar de rei e de rainha. É um espetáculo também lúdico.
Por quatro dias o povo esquece as agruras da existência, o ano inteiro, se sacrifica para gastar com as indumentárias luxuosas.É como um anestesiar de problemas de cada um. – uma fuga num reino encantado da fantasia. Afinal de contas, cada um tem o direito de sonhar, mesmo que este sonho seja fugaz e até vire pesadelo. “Pra tudo se acabar na quarta-feira”, como diz a letra de samba.
Não resta dúvida as temáticas variadas bem selecionadas, atraentes; umas lendárias outras realistas, - As Escolas de Samba, os sambas-enredo são instrutivos, mostram flashes deslumbrantes da cultura brasileira, suas várias manifestações. E até denunciam os flagelos sociais. Há dois lados da moeda e até mais: -Predominância da técnica e não da criatividade popular espontânea dos carnavais de antigamente; os gastos excessivos e até supérfluos para se consumir em quatro dias, cuja renda poderia ser investida em necessidades prementes – quais sejam programas sociais; Há uma movimentação de comércio formal e informal e do turismo, o que gera dividendos à receita das cidades, onde o carnaval é mais concorrido e se tornou tradicional: Rio, Salvador, Olinda e ultimamente São Paulo. Enseja ocupação e meio de vida temporário a muitas pessoas; Propicia oportunidade de se projetarem, crescerem profissionalmente artistas, artesãos, costureiros, decoradores, pintores, marceneiros, publicitários e tantos outros congêneres, Há carnavalescos famosos, dá status. Um preço muito alto é a promiscuidade sexual que rola a partir da liberação moral, com uso excessivo de álcool e drogas.
O povão prefere correr riscos, se endividando, contraindo doenças, mas cair na folia. Quer ter alegria, extravasar, liberar emoções, traumas a até esquecer o medo da violência. Há pessoas introspectivas que se soltam no carnaval. É uma alegria exterior, não resta dúvida. Geralmente se procura a felicidade na vida exterior, na alegria superficial, quando é mais lídimo encontrá-la dentro de nós mesmos. A harmonia interior. Os carnavais da vida passam. Foi bom enquanto durou.