O fascínio pelas novelas...
O fascínio pelas novelas...
Não é de hoje que a novela brasileira é um dos nossos principais produtos de exportação, tornando o Brasil conhecido nos mais distantes e inimagináveis países do mundo, inclusive levando nossos atores a serem reverenciados lá fora pelo seu magnífico trabalho, tanto ou mais que aqui dentro.
Mas o que leva o povo brasileiro a se render a essas fábulas, a esse jogo de faz de conta, que encanta até os mais reservados telespectadores, sejam eles adultos, jovens ou mesmo crianças? É certo que a tecnologia empregada na construção dessa verdadeira fabrica de sonhos tem evoluído muito, se aproximando até em alguns casos, com finais dramáticos e envolventes, como nos bons filmes que costumamos ver nos cinemas, a própria concorrência entre as emissoras de televisão tem contribuído e muito para a melhoria da qualidade da teledramaturgia brasileira, uma trama bem montada, um final envolvente, pode render à emissora valiosos pontos no ibope, contribuindo assim para o faturamento astronômico dessas empresas.
Mas o que tenho observado no desenrolar das novelas é a identificação do telespectador com os personagens criados pelo autor e efetivamente a resolução dos problemas criados na trama, o que quero dizer com isso, é que talvez por esses motivos, o nosso povo goste tanto de novelas, porque lá na telinha, quando o bandido comete um crime, antes do final de novela tem que ser punido, se o vilão trapaceia, finge, dissimula, em seguida é desmascarado, longe do que acontece na vida real do povo brasileiro, que assiste ao jornal, com a realidade nua e crua da impunidade, da falta de decência, da falta de solidariedade, de responsabilidade social e depois antes de dormir e é claro, para poder dormir, assiste a sua novela preferida, onde tudo se resolve, onde todos pagam por seus crimes, podendo assim ter sonhos agradáveis durante a noite, pois se dependessem dos telejornais para embalar uma noite de sono, certamente esta seria um pesadelo só, do início ao fim, intercalando cenas de violência explicita com repugnantes casos de impunidade política.
Sendo assim não nos resta muito a dizer, a não ser, que talvez devamos viver como se estivéssemos contracenando, misturando sonhos e realidades, já que no palco da vida nem todos acabam como os vilões, atrás das grades.
Adilson R. Peppes.