OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA E CRIATIVIDADE
De modo tradicional, o jornalismo sempre foi caracterizado pelo texto direto, conciso e objetivo. Tal estilo se aplica na produção de matérias diárias nos mais diferentes jornais impressos no Brasil. A regra ou estilo adotado obedece ao padrão “lead” – seis perguntas básicas – que fornece ao leitor, a resposta rápida e direta do fato ou acontecimento.
Este estilo também se apresenta em outros gêneros jornalísticos, como é o caso do telejornalismo, onde além da objetividade do texto (off) é necessário ficar atento a simplicidade da palavra – entendimento e compreensão para o telespectador – e sua a sonoridade. Em rádio, esse cuidado também deve ser mantido, ou melhor, cabe ao jornalista “escolher a dedo” qual é a melhor palavra a ser usada, para transmitir da melhora maneira possível, a informação ao seu ouvinte.
Todos esses cuidados mantidos e, muitas vezes, determinados na prática jornalística trás a tona uma outra questão, tão importante quanto a objetividade no texto. A liberdade de ousar e abusar da criatividade textual.
O modelo descrito acima – lead – é engessado, rígido quase “robotizado”, o que desagrada alguns repórteres iniciantes nessa “praia” do jornalismo impresso. E se levarmos em conta a pessoa mais importante nesse processo de produção de um texto jornalístico, ou seja, o leitor, ele já demonstra alguns sinais de insatisfação com o material produzido, ora pela falta de profundidade, ora pela frieza com que é contada a história.
Chegamos enfim ao estilo magazine ou estilo jornalístico de revista como também é conhecido. A liberdade textual, ou melhor, o aumento dessa “liberdade” no texto jornalístico – porque ainda existem algumas ressalvas – é conferido nas matérias publicadas pelas revistas em todo o país.
Com um público definido e, geralmente fiel ao produto revista, seu texto se apresenta de uma maneira mais descolada, atual e moderna. Isso provoca uma certa identificação entre “revista x leitor”, quase uma sensação de posse, um status ao leitor, garantindo sua participação até em rodas de bate-papo, com participação notória quando é dito pelo leitor ”Eu li na revista VEJA...” por exemplo.
Talvez essa identificação não se deva apenas ao modo textual, outros fatores são relevantes nesse estilo magazine. Por exemplo, a sofisticação empregada na construção gráfica, nas fotos, info-gráficos e outros elementos imagéticos, aguçam a vontade do leitor. O texto, a revista, enfim, a obra, se torna um produto cada vez mais desejado pelo leitor, que nesse processo está cego e encantado pela sedução aplicada na construção da mensagem.
Fica a pergunta então: é possível manter a objetividade e a criatividade – como características – em um único texto jornalístico? Felizmente ou não, a resposta não é tão simples assim. Cada autor / jornalista possui seu estilo, estilo que é único e inimitável. As revistas apresentam um histórico favorável e um texto que, geralmente, responde com um sim a pergunta acima. No entanto, seria ingenuidade desconsideramos o padrão editorial adotado por cada empresa jornalística.
Grosso modo, enxergo como uma saída altamente eficaz fugir do clichê “lead” empregado em larga escala no jornalismo atual, de nada adianta exigir liberdade de expressão a um texto padronizado e fechado. Criatividade deve ser um item primordial e obrigatório no campo jornalístico, porque de texto chato o leitor já está cheio!