FINGIR QUE SOMOS TODOS IGUAIS TEM SIDO NOSSA ILUSÃO DIÁRIA.
Lorena S.Ousar
Não estou atrasada. Por conta de um projeto da Faculdade novamente assisti ao filme Tropa de Elite. O longa-metragem do diretor José Padilha foi lançado em outubro do ano passado. Cerca de 11 milhões de brasileiros (inclusive eu) assistiram ao filme meses antes da estréia oficial de forma ilegal. Uma das temáticas do filme é a corrupção policial. Um dos suspeitos de piratear o filme era um policial militar. Poucos filmes acertaram na realidade brasileira.
Ponto.
Não falarei sobre a estética documental, por meio na câmera na mão e off, nem sobre o cinema nacional. Não criticarei o BOPE e seus métodos (torturas) muito menos a Polícia militar e seus métodos (corrupção, suborno etc.). Nem delimitarei até onde cabe aos “maconheiros” ou às ONGs envolvidas com traficantes o papel de finaciadores do tráfico e culpados pela expansão da violência.
Falarei (e não me canso!) de nós brasileiros.
“A galera aqui do morro tem consciência social”
Tropa de Elite não foi sucesso por abordar a violência ou o tráfico de drogas. O sucesso é decorrente dos aspectos de seus personagens, falas e trilha sonora. “Pede pra sair” se tornou um dos bordões mais utilizados desde que o filme estreiou (legalmente e ilegalmente) e a farda do BOPE foi a fantasia que contaminou o carnaval do Rio de Janeiro e não duvido que o de Salvador, Olinda… Os programas de entreteniemtno como Casseta e Planeta, Show do Tom, Pânico na TV subiram um pouco no Ibope parodiando do Capitão Nascimento e cia.
“ou se corrompe, ou se omite ou vai pra guerra”
Pouco foi discutido sobre a verdade de Tropa de Elite. Aliás, poucas foram as matérias e entrevistas do filme que abordavam a violência, tráfico de drogas, corrupção policial e irregularidades com ONGs. Foi dito na banca de discurssão que assistir à Tropa de Elite é como levar pedradas.
Brasileiro adora levar pedradas.
Queria muito entender que mentalidade norteia o brasileiro e o impede de encarar seus problemas de forma séria, sem deboche, ironia ou sacarmos. É visível que a cultura brasileira é conformista, aceita a derrota, acolhe traficantes ou milicianos que dominam seus bairros e recebe feliz da vida a colocação de 23° nas olimpíadas - abaixo da Etiópia e Jamaica (países em situação social e econômica pior que a nossa). O Brasil possui uma parte da população que não tem nada e no nada ficará e outra que “deitado eternamente em berço esplendido” domina o país. O Brasil tem segundo maior índice de analfabetismo da América do Sul. A Bahia tem o maior número de eleitores analfabetos. Isso significa que uma imensa parcela de cidadãos não exercita seus direitos ou não o faz de forma consciente e analítica. Fingir que somos todos iguais tem sido a nossa ilusão diária.