Florais de Stones (Jaeggeriana Viscerallis)
Uma semana depois e é tempo de se recobrar o fôlego, de sair do estado de choque, estupor e entorpecimento em que nos deixaram, a alguns, a intensa presença do vulcânico Mick Jaegger e seus Rolling Stones. Fica a imagem forte do furacão que assolou a capital do país, não a capital de direito, a das leis, dos papéis e da burocracia, da formalidade e da autoridade imposta e impositiva, mas a capital de fato, aquela que é.
Importante a imagem que nos é colocada neste início de ano, na praia, espaço do desnudamento por excelência, onde as coisas são mais claras, mais isentas de disfarce, mais solares e mais enluaradas, onde se altera o estado comum de consciência por uma overdose de natureza, muito vento, muita água, muito sal, muito sol, muita terra, muita lua, muitas estrelas, muito verde, muita mulher e muito homem, muito tudo enfim, início e meio. O Rio continua lindo, já se disse e vale ainda hoje, pois demonstra a sua força contra tudo aquilo que é vilmente feito e noticiado em seu desfavor. Cidade maravilhosa por alguma espécie de resolução divina, a cidade forneceu, a quem quiser se apropriar, a imagem que poderá ditar a forma de se conduzir a vida: vitalidade, alegria, irreverência e o mais legítimo poder que se pode conferir a uma pessoa. Poder pessoal puro e simples, sem hierarquias, sem estruturas logísticas de apoiamento, sem hipocrisias, sem rebaixamento de cabeças, sem conchavos e acordões. Mick Jaegger é uma pessoa forte, de uma fortaleza que lhe vem das vísceras. Um homem plenamente sintonizado com o seu destino, cumpre hoje, com os ônus e os bônus, um papel similar ao dos antigos grandes imperadores e o seu império é ele mesmo, leva consigo e se estabelece onde quer que esteja – cidadão do mundo que é. Ele se mostrou antídoto eficaz a todo o mal que foi inoculado à população pelas revelações feitas, pelo lixo exposto ao Brasil, pela mal causado pela suposta elite. Os Rolling Stones nos resgataram para a vida, mais plena e abundante. Uma vida alegre e dançante, pulsante, vibrante, visceral: os Rolling Stsunamis desse início de ano são mais orgânicos do que Bach e mais contundentes do que eventuais florais de Beethoven ou Brahms – tem o desplante de desconstruir, demolidores que são, para que aflore e visceje a coisa nova.
Fica, portanto a imagem que vai ditar o ano. Mick Jaegger é o Rolling Stones e os Stones somos, em alguma medida, todos nós. Podemos dançar e cantar e encantar e, nos encantando, irmos e virmos nos alegrando e nos contagiando o bom contágio. A vida é vital e contagiante. A alegria também o é. Para que não fiquemos zumbizando pela vida, sem nexo, a providência nos enviou o xamã, para incrementar a conexão com a vitalidade. Estamos de novo plugados na vida.
Pedro Antônio, 24/02/2006