INOVAÇÕES E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: UMA RELAÇÃO REGULATÓRIA OU EMANCIPATÓRIA?

INOVAÇÕES E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO:

UMA RELAÇÃO REGULATÓRIA OU EMANCIPATÓRIA?

A construção do projeto político-pedagógico deve ser uma ação consciente, apesar de haver a incerteza de um futuro ainda desconhecido.

Realizar um projeto é um convite ao desenvolvimento da consciência, da cooperação e da solidariedade humanas e às oportunidades de realizações emancipadoras, na busca de melhoria na qualidade de vida, contrapondo-se a realidade em que vivemos.

Em meio às contradições da sociedade atual, encontra-se a prática escolar ainda atrelada a princípios pouco inovadores, não conseguindo acompanhar as evoluções científicas e tecnológicas que ocorrem a sua volta.

Os discursos que se ouvem, voltados em sua maioria para uma visão para uma visão progressista de educação, não condizem com o que acontece no interior das salas de aula. Na maioria das vezes é uma prática que em nada contribui para a superação das contradições sociais vigentes.

A educação não só foi, mas permanece sendo manipulada pela classe social dos que detêm o poder, o que dificulta o avanço de qualquer iniciativa que procure torna-la mais democrática e emancipatória.

Por mais que se tente oferecer oportunidades a todos e a estabelecer a igualdade, resiste o sistema desigual e injusto de distribuição do patrimônio cultural. Isso faz com que seja negado a muitos o acesso ao conhecimento, ou seja, fazendo do educando um mero espectador e permitindo a apropriação do saber só pela classe social privilegiada, negando aos demais o direito de ter acesso ao saber necessário à formação do cidadão capaz de participar ativamente na sociedade.

Educa-se, assim, acreditando numa visão objetiva de mundo, em que o conhecimento e as verdades são absolutas, acabadas; o fazer tem prioridade sobre o pensar, a cópia é mais importante que a produção e a prática de seguir modelos é entendida como a única opção.

Embora hoje já se perceba a necessidade de mudanças com relação à educação, os resultados ainda são pouco significativos, principalmente em relação à construção de uma escola reflexiva e emancipadora.

As pessoas envolvidas na dinâmica de construção do projeto político-pedagógico tornam-se, assim, os maiores responsáveis pela verdadeira condução do processo, isto é, pela atribuição de seu verdadeiro significado e, principalmente, do sentido comum a todos. São os que, de maneira participativa e interativa concebem e executam o projeto.

É a partir da existência desses atores que surgem as decisões e escolhas, ou seja, as políticas das quais depende a maior parte dos sucessos e insucessos do projeto em relação às transformações que se desejam realizar num determinado contexto sócio-educacional.

Entretanto, muitos projetos educativos são ainda pré determinados em seus conteúdos e em suas modalidades por autoridades hierárquicas, como, por exemplo, quando métodos educativos de escolas que atendem à elite são adotados pela rede pública de ensino e aplicados a alunos que não vivenciam a realidade para a qual o material educativo foi elaborado, ou seja, a elite.

Esses alunos então passam a ser conduzidos a prática de seguir modelos, acreditando em verdades acabadas, onde o fazer tem prioridade sobre o pensar, e assim são conduzidos a serem meros expectadores da ascensão cada vez mais evidenciada da elite; cabendo à escola, nesse aspecto, a função de mera executora de processos, muitas vezes ainda baseados em métodos americanos, que nada tem a ver com a realidade brasileira.

O projeto político-pedagógico deve ser entendido e utilizado como um instrumento social de transformação. Se houver a consciência de “como” e “para que” o projeto deve ser elaborado e aplicado, já se tornará possível programar ações capazes de reverter a realidade monopolista em que se encontra o processo educacional brasileiro.