HINOS NACIONAIS
HINOS NACIONAIS
Hinos envelhecem pois retratam uma nação no momento em que é composto e depois, ao ser executado em outros tempos, parece lenda...
Como narrativas melódicas que descrevem florestas, rios caudalosos ou regiões já inexistentes por força da engenharia humana, mas registrado na letra da canção.
Hino pátrio, é como uma bandeira, imutável, perene, concisão histórica se assim pudermos chamar...
Pelo fato de crescermos acompanhando a sua execução e, desde pequenos, aprendemos a cantá-lo, acaba por ser incorporado à nossa própria vivência, ainda que muitos não se debrucem sobre a letra buscando o seu sentido...
Passa a ser executado em momentos memoráveis, em atos festivos ou trágicos, carregado, portanto, de muita emoção em que a entonação coletiva, eivada de sentimentos, supera a literalidade da letra, vira algo compartilhado, idéia de coletivo, irmanando corações em uníssonas vozes...
Não creio que haja povo que não idolatre seus hinos pátrios, menos pelo que descreve e mais pelo que se incorporou de pessoal, de íntimo, nas suas execuções...
Quem não vibrou nas conquistas desportivas a cada medalha amealhada pelos nossos atletas, ou na emoção de catarse coletiva das várias copas do mundo que conquistamos ? Nas manifestações pelas Diretas-Já, no séquito de personalidades políticas ou artísticas onde, espontaneamente, o elo de ligação entre a massa se desenha no cantar coletivo do hino que agrega a todos ?
Portanto, transcende à racionalidade da letra como registro descritivo e simplesmente torna-se uma oração fervorosa, vibrante, compartilhada por todos...
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas..."
"Salve lindo pendão da esperança..."
" Já podeis da pátria filhos ver contente a mãe gentil..."
Tantas emoções afloram à flor da pele na idéia de sentimentos experimentados coletivamente e em particular a cada um...
HINOS E LENDAS
Postados em filas indianas
camisas brancas calças azuis
entoava-se a canção coletiva
uníssonas vozes desafinadas
ganhando corpo virava coro
nas tardes antes da entrada
esbelta e feia professora
uma varinha feito batuta
harmonizava a execução
motivos de escárnios
pilhérias e gozações
aquela adunca figura
cerimoniosa a subida
ao mastro a bandeira
levemente ascendia
lábaro venerada
flanava altaneira
íamos para a sala
tantas palavras
pronúncias raras
o que seria ?
pouco se entendia
acompanhava-se
o ritmo enternecia
em versos dizia
rios caudalosos
imensas florestas
de um mundo estranho
minha cidade pequena
parcas lagoas singelas
um povo heróico
simplória a gente
a que via convivia
falava-se em morrer
caso a pátria ferida
difere a pacata vida
parecia aquela narrativa
distante da minha rotina
restava de bela a canção
como estórias e lendas
cantava seguia a letra
alheado e desconfiado
que procedência teria
de que povo aduzia
aquilo que se dizia ?
caraminholas a mente
ainda infantil e pueril
não atinava conceitos
como papagaio repetia
tantas estrofes alheias
emocionava a melodia ...