Carta de vinhos!
Tenho vários amigos que além de gostarem de vinhos, os conhecem como a palma da mão. Raros são aqueles que ao abrir uma garrafa podem relatar dados como o tipo de uva, a safra, o buquê como eles e um em questão, estava de aniversário e levou alguns amigos a um restaurante - novo na cidade, que apresentava uma nova proposta de ambiente e de atendimento - para um jantar de confraternização. De véspera, pediu o menu e a carta de vinhos e perguntou se o que lia podia ser solicitado na hora, porque não queria indicar os pratos e nem a bebida (água, refrigerante, cerveja ou vinho), deixando a escolha dos convivas, apesar de já ter indicado o tipo de vinho que gostaria de ser servido.
No dia da comemoração, perguntou a uma garçonete se o vinho já estava no ponto e esta lhe disse que precisava de mais um tempo para esfriá-lo, ou seja, de acordo com o indicado pelo meu amigo. Momento após, ela trouxe uma garrafa e não mostrou a ele, mas a abriu e servindo numa taça, levou a ele para que, ao experimentar, decidi-se sobre o mesmo.
Entretanto, ao sorver um gole, disse que não era o vinho que tinha visto na carta e a garçonete, portando-se a gerente do ambiente, informou que o Grand Reserva não tinha na adega, deixando-o frustrado, já que a qualidade do vinho era inferior ao que tinha escolhido através da carta de vinhos, ou seja, se lá estava, é porque deveria ter na adega do restaurante (estoque).
No mesmo momento me lembrei de uma ida a um restaurante fino em Porto Alegre, com este mesmo amigo, e nossas esposas. Meu amigo, ao pedir a carta de vinho, solicitou uma determinada marca, que estava na carta de vinhos, e o garçom disse que não tinha na adega (?). No mesmo instante, o garçom indicou outro, que foi aceito. No decorrer do jantar, o vinho terminou e foi pedida outra garrafa, igual a anterior e, para nossa surpresa, o garçom informou que não tinha, ou seja, tinha somente aquele que bebemos.
Surpresas a parte, quantas vezes sua equipe de vendas, percorre grandes caminhos, gastando muito dinheiro e tempo para fechar uma venda e ao constatar o faturamento, muitos itens não foram enviados ao cliente (não tinha no estoque), mesmo constando no catálogo de ofertas?
Já outros administradores dirão que sua equipe de vendas e seus gerentes não informaram quanto iriam vender... mas, se é anunciado em uma mídia qualquer, um determinado produto em oferta e em se tratando de uma empresa grande, o mínimo é que tenha uma certa quantidade de cada item anunciado e não como muitas empresas agem, colocando a venda aquilo que ainda não foi fabricado ou que não tem no estoque. Se for fabricação e a equipe de vendas é avisada do tempo necessário para a confecção dos itens, o cliente entende. Mas se não são avisados, como ficam os clientes que acreditando que vão receber, deixam de comprar de outros? E nos casos acima, levar os convidados para outro local ou trocar de restaurante em cima da hora?
As três situações são críticas e são sinônimos de espanta cliente, porque quem compra e não recebe, compra de outro e depois não venham dizer ou cobrar do alto índice de clientes inativos. A inatividade é também criada pela falta de responsabilidade com o que se oferece e o que é entregue. Ter uma carta de vinhos, com uma grande variedade de marcas e não tê-los na adega é o mesmo que enviar uma mala-direta a seus clientes e não ter os produtos para entregar.
Pense a respeito e na próxima vez que colocar sua equipe de vendas à rua, certifique-se que eles terão respaldo, apoio e cobertura para aquilo que você determinou que fosse feito: vender. Leva-se muito tempo para conquistar um cliente e muitos são perdidos num piscar de olhos e nem sempre a culpa do insucesso e da falta de posição no mercado é culpa dos vendedores e nem dos gerentes, mas sim do departamento de compras ou da má administração de alguns que se aproveitam de determinadas mídias para lançar produtos sem ter no estoque, para ser como se comportará o mercado, o qual é muito rigoroso quanto a falta de comprometimento. Da mesma forma em que um vendedor perde dinheiro e tempo ao vender o que não será entregue, o que dizer de um comprador, que precisa abastecer uma empresa?
Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.