A função social do pré-vestibular comunitário

Este texto não é meu, mas sim de um jovem: Rodrigo Quaresma. Vale a pena muitoooo...conferir e refletir!

Agrada-me a frase que diz que o objetivo maior de todo pré-vestibular comunitário é o fim do próprio vestibular. Tal afirmação coloca diretamente em questão a função social e política de nossa organização, lembrando que a mesma não deve submeter-se a lógica propedêutico-aprovacionista do vestibular.

Tomando como objetos o vestibular e a universidade pública, cabe-nos crítica contundente aos mitos da meritocracia e da democracia racial- fundamentos da nossa sociedade- constituindo-se então, o pré-vestibular comunitário, enquanto espaço genuíno de organização popular.

Politizar a discussão, portanto, DESLEGITIMAR o vestibular, denunciando o caráter elitista e racista da universidade pública brasileira. Penso ainda que devamos nos pautar pelo princípio de INDEPENDêNCIA, uma organização APARTIDÁRIA, ainda que política, não filiada formal ou informalmente a nenhum governo, empresa ou "políticos".

É preciso falar também num pré-vestibular comunitário auto-sustentável e auto-gestionário, capaz de bancar a sua liberdade, onde o agente-educando e o agente-educador discutam e decidam coletivamente, e de forma horizontal, o seu projeto político pedagógico. Há aqueles que dizem que é preciso maturidade para a auto-gestão. Não negamos, mas é justamente a auto-gestão que conduz a maturidade. Quando os indivíduos se descobrem na condição de sujeitos, atingindo a sua maioridade política. NÃO SEREMOS TOLERANTES A NENHUMA FORMA DE TUTELAÇÃO DA LIBERDADE!

Por fim, quero dizer a você aí, que está sentado agora numa sala de pré-vestibular comunitário, cansado, duvidoso, você estudante trabalhador, você preto, índio, nordestino, você branco pobre, estudante de escola pública, você mulher, você homossexual, enfim, quero dizer a vocês que mentiram pra gente quando disseram que "o sol nasceu pra todos", ou, que simplesmente "quem quer consegue!". Mentiram e ainda mentem todos esses hipócritas que declaram que "vencer na vida", numa sociedade capitalista, é apenas uma questão de força de vontade! Quero dizer que a pobreza e a miséria não são obra do acaso, nem uma questão de azar ou sorte, nem mesmo destino ou a "vontade de Deus"..., mas antes uma necessidade social e econômica, política, para a existência e conservação do sistema perverso que estamos, por ora, submetidos.

Estamos organizados aqui hoje para ENFIAR-MOS OS PÉS NAS PORTAS DA UNIVERSIDADE PÚBLICA E A OCUPARMOS; COM O PERFEITO ENTENDIMENTO QUE DIREITOS SOCIAIS NÃO SÃO FAVOR, E PORTANTO, NÃO PODEM SER DOADOS, MAS CONQUISTADOS!

Rodrigo Quaresma.