SER CEARENSE

Ser cearense é nascer com asas nos pés, e, na cabeça, desejos de ver o mundo. É estar bem em qualquer lugar lindo, e morrer de saudades da terrinha, louco, louco com vontade de voltar.

É ouvir os sons da moagem, quando está saudoso, o barulho do caititu na casa de farinha, o chocalho de uma rês caminhando na caatinga; mesmo sem fome, sentir o sabor do mel de cana, da tapioca com coco, da avoante assada com uma pinguinha qualquer; e os sabores agrestes da pitomba, da macaúba, do juá, do leite mugido no portão do curral? Ai meu queijo de coalho com rapadura! E a coalhada escorrida? Saudade da paçoca com a carne que sobrou do almoço...

Ser cearense é empombar por nada, só porque está de calundu ou com o banzo da saudade.

Ser cearense é saber viver cercado de piauienses, maranhenses, riograndenses do norte e outros mais, se entendendo com todos e se dando bem com cada um.

Ser cearense é acreditar que o sertão vai virar mar, e sentir peninha até dos calangos que correm de sombra em sombra.

Ser cearense é adorar uma “sonfona”, um triângulo, um berimbau, mas no fundo mesmo, gosta é do remeleixo da cabocla em seus braços, depois de umas quatro talagadas reforçadas de cachaça com conhaque.

Ser cearense é escrever estas loucuras todas, e pensar que alguém vai gostar.

Ai, saudades do meu Iguatu!

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