O retorno de quem não foi...

O retorno de quem não foi...

Como naqueles filmes de ficção, em que se encontra um ovo de dinossauro de séculos passados e a ciência avançada traz de volta à vida seres que há muito tempo julgávamos extintos da face da terra, o povo tem o dom, a capacidade, através do voto, de ressuscitar esses verdadeiros dinossauros da política brasileira. Quando assisto ao noticiário ou leio os jornais parece que estou vivendo a dez ou quinze anos atrás, pois o tempo passa, a vida se renova, o clima se altera, mas na política não, lá estão eles, os velhos caciques do poder, heróis da resistência, que retornam sem nunca terem ido, apenas se escondem dos holofotes por um tempo até que o povo, pobre povo, sem memória alguma, sem ressentimentos passados, iludido pelas mesmas frases, pelas mesmas promessas e pelas velhas caras de pau desses verdadeiros mestres do ilusionismo popular, os reelege, os ressuscitam. Dizem do alto das suas tribunas em seus discursos preparados com esmero por pessoas que conhecem a fundo o que o povo gosta de ouvir, que foram vitimas inocentes, que foi a perseguição implacável dos adversários que os derrubaram e que nem tiveram tempo para se defenderem e injustiçados tiveram que renunciar, ou perderam seus mandatos mesmo sem que se tivesse provado nada contra sua idônea pessoa. “Como podemos ser tão injustos com esses coitados?”. Esses coitados que mandam em estados inteiros da federação, estados esses que eles mesmos ajudaram a falir como o Maranhão e Alagoas, coitados que possuem fortunas incalculáveis espalhadas pelo mundo, que moram em mansões cinematográficas, enquanto o mesmo povo que os elegeu passa fome, não têm um abrigo ou dependem da marquise ou da ponte para dormirem debaixo. Mas eles estão de volta, firmes e fortes, Maluf, Quércia, Collor e companhia, é a festa da política nacional, patrocinada pelos impostos que a tão duras penas pagamos e assim nos tornamos sócios dessa bagunça organizada, essa verdadeira farra em que se transformou o cenário político brasileiro, assim como nos filmes de ficção, os homens de bem, os cidadãos honestos que habitam esse país de oportunistas, tem o dever, a obrigação de extirpar do cenário político nacional esses seres jurássicos, que mesmo escondidos em seus estados são temerários, imaginem revestidos pelo manto negro da imunidade parlamentar.

Adilson R. Peppes.

Adilson R Peppes
Enviado por Adilson R Peppes em 27/08/2008
Reeditado em 24/11/2014
Código do texto: T1148589
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.