O desempenho brasileiro em Pequim
Terminou a Olimpíada de Pequim 2008 e a participação brasileira foi pífia, laureada com poucas medalhas de ouro e prata e algumas de bronze, no total foram 3 medalhas de ouro, quatro de prata e 8 de bronze. Muitos dos brasileiros favoritos em suas modalidades não obtiveram êxito. Diego Hipólito era ouro na certa, tropeçou na derradeira apresentação. Jadel Gregório tinha grandes chances de medalha, deixou escapar a oportunidade. O futebol feminino encantou toda a competição, derrapou na final. O vôlei masculino também perdeu a chance do bicampeonato. O futebol masculino esbarrou na garra Argentina. A ginástica feminina tinha capacidade para ir além, não foi. O vôlei de praia masculino perdeu o ouro para uma dupla que havia derrotado diversas vezes. Acredito que sofremos de complexo de inferioridade e julgamos europeus e americanos melhores do que nós. Falta-nos o sentimento de que somos espíritos imortais, em realidade habitamos este ou aquele país temporariamente. Certamente já nascemos e vivemos em outras paragens da Terra, provavelmente estivemos em solo europeu e asiático. O Brasil hoje é nossa pátria, mas pode não sê-la amanhã, por isso não há razões para sentir-se desprestigiado ou inferiorizado por habitar um país ainda em desenvolvimento e que procura sua identidade. Muitos de nossos atletas não beliscaram a medalha porque se sentiram inferiorizados diante de gigantes mundiais. Uma pena.
São inúmeros casos, mas nos atemos apenas a esses. Mas vamos ao que interessa e a idéia relevante é mostrar que o esporte é elemento de inclusão e transformação social. Nosso Brasil com dimensões continentais tinha capacidade para ir além, no entanto, ficamos atrás de países como Belarus, Etiópia e Quênia. Não quero desmerecê-los, mas são países que não têm a dimensão de nosso Brasil. Vejamos o caso de Belarus, por exemplo: país que conheceu sua independência no ano de 1991 dissidente da antiga União Soviética e tem pouco mais de 10 milhões de habitantes, para se ter uma idéia a cidade de São Paulo já ultrapassou esse número de habitantes.
Por que isso ocorre?
A razão é simples: falta investimento no esporte que é, sem sombra de dúvidas, uma das ferramentas eficazes no combate à criminalidade.
Interessante: temos poucos esportistas de ponta mas grandes criminosos. Por que muitos garotos em favelas escolhem o caminho do crime?
Ora, porque lhes falta naturalmente uma oportunidade digna, que poderia vir do esporte.
Apaixonado por esporte, durante algum tempo dediquei-me ao futebol e vi muita gente dar grande guinada em sua vida por intermédio do esporte bretão, auxiliando, inclusive, toda a família, tirando-os da miséria e oferecendo uma vida digna. Isso sem contar que o esporte imprimi valores como cidadania, respeito, valoriza a saúde e busca construir homens e mulheres imbuídos de nobres ideais.
Empresas e governo devem investir maciçamente na prática esportiva dentro das escolas que deve, necessariamente, caminhar sob dois prismas: educação e esporte. Mas o danado do egoísmo ainda cutuca o coração humano. As empresas não querem investir sem a garantia de resultados. Muitos atletas de potencial ficam à margem porque falta patrocínio, tanto do governo quanto da iniciativa privada. O governo juntamente com as empresas que usufruem da sociedade e dela tiram sua riqueza e sustentação têm por obrigação investir no esporte dentro das escolas, além de patrocinar atletas e práticas esportiva, porque não há como formar atletas vencedores sem grandes investimentos.
Como almejar resultados sem antes investir?
É preciso, pois, que as empresas e o governo rompam com o egoísmo e invistam pesado no esporte, deixando um pouco de lado a mentalidade a curto prazo dos resultados imediatos, focando no amanhã, porquanto pode ser que não surjam super heróis olímpicos a subir no lugar mais alto do pódio com a bandeira brasileira, mas certamente nosso país terá homens e mulheres com a estima elevada trazendo no coração a nobreza das práticas esportivas que primam pela cidadania e formação de homens de bem.
O caminho para transformar o Brasil em potência esportiva não é tão complicado, no entanto, requer boa vontade e criatividade, coragem e amor à juventude para que deixemos de lado a triste alcunha de país violento e com altos índices de criminalidade.
Pensemos nisso.