Lei Seca II

 

            Dias atrás num sábado à noite, estava numa lanchonete com minha esposa comendo um lanche e tomando uma cerveja, de repente, chegou um amigo com sua esposa e uma filha, pediu uma cerveja. Enquanto ele aguardava o lanche, iniciamos um bate papo.

            Puxei o assunto da Lei Seca, perguntando o que ele achava dela. Fui logo colocando minha opinião dizendo: por um lado é boa, pois se criou penas mais duras para aqueles que dirigem embriagados. No entanto, o fator tolerância zero é o maior erro dela, pois, puniu todos sem distinção, e para uma sociedade que grande parte bebe socialmente, não foi somente os alcoólatras que ela atingiu, mas sim a todos. Então, devido a isto ela tornou uma lei equivocada. Também falei sobre a corrupção que a lei proporciona e o caos social  que, em tese poderia provocar, já que, se fosse cumprida ao pé da letra muitos acabariam perdendo o direito de dirigir, causando sim, enorme desemprego e outros males. Enfim, uma lei que teria tudo para ser boa coibindo motoristas que dirigem embriagados, no entanto, veio tirar um pouco da alegria, do divertimento das pessoas. Ainda que muitos digam, e de fato, o alcoolismo é um problema sério, porém para aqueles que não são alcoólatras e usam a bebida como forma de descontração não vejo nada de mal. O grande problema da dependência não é em si a droga, mas a pessoa, o que pode fazer mal para determinados indivíduos, para outras não faz. Penso que não podemos endemonizar certos costumes e culturas. Usando até as palavras de Jesus diria, “O mal não é o que entra no homem, mas sim o que sai dele”.

            Pois bem, tal amigo, disse que a lei era muito boa e aprovava, pois a partir dela havia diminuído o numero de acidentes, que as pessoas não podem dirigir embriagadas, etc. Então, lhe disse: sabia que se você fosse pego numa blitz agora perderia o direito de dirigir por um ano, pagaria uma multa de R$1000,00 reais por ter tomado uma cerveja com a esposa? E outra coisa; você disse “precisamos tirar as pessoas embriagadas do volante”, você neste momento considera que esteja embriagado?

            Quando comecei a conscientizá-lo sobre a nova lei, não o espírito da Lei, mas o erro que ela estava cometendo pelo fato da tolerância zero, ele começou a refletir e perceber o sadismo dela, e que de fato, ela está equivocada.  

            Enfim, este é o grande questionamento da Lei Seca. Infelizmente como este meu amigo há vários que falam como ele, mas que saem nos finais de semana e bebem. Pessoas que não são alcoólatras, que são responsáveis e dirigem com a dosagem acima do permitido pela nova Lei e que estão aplaudindo-a sem a devida reflexão. 

            Diríamos que estes são hipócritas ao defenderem tal Lei? Não, diríamos que não entenderam nada, aplaudem algo que na verdade, ainda não se deixou cair a ficha de que esta lei não atinge apenas os alcoólatras ou os irresponsáveis no volante, mas sim, toda a sociedade de um modo geral.

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 22/08/2008
Reeditado em 22/08/2008
Código do texto: T1141084