QUANDO A HONESTIDADE VIRA MANCHETE...
...e ganha as páginas da mídia.
Hoje eu aqui só queria comentar uma notícia que foi amplamente divulgada, mas que na verdade abre um leque para o pensamento das ciências sociais, em particular da sociologia e da antropologia.
Uma criança de onze anos ganhou a atenção da mídia, porque ao achar uma nota de cem reais numa estação do metrô aqui de São Paulo, prontamente a devolveu ao segurança, que posteriormente a devolveu ao dono, um rapaz trabalhador dum lava rápido cujo vencimento é de um suado salário mínimo.
Portanto o rapaz recuperou, MILAGROSAMENTE, vinte e cinco por cento do salário que havia perdido.
Realmente um grande feito.
Mas... o quê espanta é o nosso espanto!
E houve quem comentou: E o segurança não ficou com o dinheiro.
Ao que eu aproveito para parabenizá-lo, inclusive.
Há um bom tempo atrás, minha filha ainda menina,desabafou comigo:
-Mãe, engraçado, eu sinto que a gente nem pode ser bom que logo tem gente desconfiando da gente...
Tal argumento me bateu forte, porque infelizmente é verdadeiro.
Vivemos num mundo de cabeça pra baixo e o resgate do óbvio, além de trabalhoso, gera polêmicas.
Vivemos a "lei de Gerson", aonde tudo tem que gerar um "lucro" pessoal.
E hoje o nosso herói, quando questionado sobre o ocorrido respondeu com a maior NATURALIDADE:
-Eu fiz o que meu coração mandou.
É realmente de emocionar...
Que bom ser criança e poder agir com as ordens do coração.
Nossos corações de adultos andam ocupados demais com as grandes coisas...pequenas.
E ser criança é enxergar e priorizar as pequenas coisas...grandes!
Parabéns à mídia pelo destaque ao fato.
De fato, embora eu viva me perguntando se a "degradação social e política" teria consciência " de si", tal atitude da criança-ainda embasada nos ensinamentos de família que ela própria destacou..."minha mãe me passou a educação que recebeu dos pais dela"- deveria servir de exemplo ao menos à corrupção, aonde tantas notas de reais nos são surrupiadas dos cidadãos na calada da noite, dentro das cuecas...pelos quatro cantos do país!
E que nunca nos são devolvidas! Nem em espécie e muito menos em serviços públicos dos quais fazemos jus!
Realmente está nas crianças a nossa esperança da tão esperada virada para um mundo melhor.
A virada humanitária da dignidade, na qual cada um de nós possa enxergar nem que seja uma mínima fração de si...no outro!
E o próprio menino, numa fala óbvia e crédula, destacou o papel da educação, uma criança de vida simples, de poucos privilégios pelo que pude captar da reportagem.
Parabéns ao pequeno grande homem!
Que continue a ser esse luminoso farol nessa tão grande escuridão que assola o planeta e os homens "donos do mundo"!