O que sobrou das olimpíadas...

Nadar, nadar e morrer na praia...

Até quando vamos nos consolar com um segundo lugar? Até quando vamos assistir pacientemente, chorar copiosamente e buscar sempre uma explicação para o fracasso de nossos atletas? Até quando teremos que constatar a superioridade de outros países quando se trata de esportes?

Eu fico me perguntando onde está a falha, onde estamos pecando, para que tenhamos um resultado tão pequeno quanto ao que estamos assistindo nos jogos olímpicos de Pequim, uma delegação enorme com poucos resultados até agora.

Outro dia, vendo o treinamento aplicado pela China aos seus atletas, que desde cinco anos de idade, são preparados para serem campeões, entendi um pouco dessa matemática, o peso das decisões, a frieza na execução dos exercícios, o equilíbrio emocional, o interesse com que é tratado cada talento, o investimento pesado por parte do governo daquele país faz realmente a diferença, enquanto isso assistimos o descaso com que o esporte é tratado no Brasil e vemos nossos atletas deixando escapar a chance da medalha de ouro, lamentamos mais uma vez e recomeçamos tudo do zero.

O povo brasileiro, o atleta brasileiro tem esse dom, do recomeço, da superação, de não se abater com as dificuldades, de buscar romper as barreiras impostas e sonhar com o lugar mais alto do pódio, mas até quando vamos ter que nos conformar com tudo isso?

Acredito que pouca coisa falta, para que tenhamos de fato muito mais atletas campeões, medalhistas olímpicos, ídolos nacionais, dos atuais atletas de destaque, muitos surgiram das periferias das cidades e se agarraram ao esporte como a única tábua de salvação para suas vidas, a única forma de deixarem a miséria e a exclusão social, venceram por méritos próprios sem apoio, sem patrocínio, sem nada e é aí que reside o problema.

É necessário um interesse maior por parte de toda nossa sociedade, é urgente a implantação de políticas publicas voltada ao esporte, à valorização dos nossos talentos, mas isso começando na base, nos bairros, nas escolas, passando por governos municipais, estaduais e pelo apoio decisivo do governo federal, é possível reverter esse quadro, mas não da maneira como aí está, atletas sem incentivo, sem apoio, sem estrutura, convenham, não é possível se fazer muita coisa.

Os nossos atuais atletas olímpicos não são só atletas, são heróis, driblam as dificuldades e ainda assim conseguem chegar onde estão, isso é superação pura, é a necessidade movendo os sonhos de cada um, fazendo deles exemplos de vida, como a nos mostrar que mesmo sem o devido interesse com que é tratado o esporte, ainda surgem campeões, imaginem se isso fosse levado a sério nesse país, as alegrias que poderíamos ter.

É hora de repensar o esporte com a seriedade com que os países recordistas em medalhas o fazem, sob pena de continuarmos assistindo o que acontece em Pequim, chegamos, mas não levamos, competimos, mas não ganhamos, é inaceitável que uma nação gigante como a nossa esteja na posição humilhante em que se encontra no quadro de medalhas e ainda queremos trazer a olimpíada pra cá, seria essa realmente uma boa idéia? Ou vamos gastar milhões na organização de um evento, para mais uma vez assistirmos com olhos marejados, nossos atletas nadarem, nadarem e morrerem na praia, ostentando no peito apenas medalhas de bronze...

Adilson R.Peppes.

Adilson R Peppes
Enviado por Adilson R Peppes em 22/08/2008
Reeditado em 24/11/2014
Código do texto: T1140475
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