MUITA FAROFA E POUCA CARNE
O presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva sancionou, sob aplausos e muitos fogos de artifícios, o piso nacional de salários dos professores da rede pública. A partir de 2009 o professor que trabalha 40 horas, ou seja, aquele que fica o dia inteiro dentro de uma sala de aula, passará a perceber dois salários mínimos. Estados e municípios terão até 2010 para se adaptar ao pagamento deste valor.
Vejo o grande alarde que a aprovação da lei vem causando, mas não consigo entender o motivo de tanta euforia, uma vez que todo este alvoroço é provocado por míseros 950 reais, valor que em absolutamente nada engrandece o trabalho do professor. Pelo contrário. Tal salário chega a ser ofensivo para um profissional que forma todos os outros.
Em minha opinião, o governo mereceria aplausos se, ao invés de pagar aos professores um salário de 950 reais, pagasse a estes profissionais aquele salário de 9.900 reais que os nobres senadores iriam pagar aos seus apadrinhados políticos sem concurso público. Dinheiro para realizar tal feito não é problema, porque o presidente do senado, Garibaldi Alves Filho afirmou, durante entrevista nacional que “dinheiro não é problema”. Ele se referia ao pagamento de salário dos técnicos que seriam contratados sem concurso e não foram porque a população repudiou a proposta.
Ora, se há dinheiro público para pagar aos afilhados políticos, também deveria haver para pagar salários dignos aos professores, que carregam sobre seus ombros a responsabilidade de formar os profissionais para o mercado de trabalho do futuro.
O mais revoltante nisso tudo é que até mesmo alguns professores aprovam o valor do piso, alegando que existem alguns municípios brasileiros nos quais o salário do professor está muito abaixo do mínimo vigente no País.
Para mim, nem nestes casos existe justificativa para a aprovação de um salário tão irrisório. E mais: os dirigentes desses municípios deveriam sofrer uma punição. Afinal, a Constituição Federal assegura que nenhum trabalhador brasileiro poderá perceber salário inferior ao mínimo estabelecido. Se algum empregador o faz, está praticando uma irregularidade; é um fora da lei, portanto, deve receber a punição cabível para o caso.
A aprovação do piso nacional de salários para os professores da rede pública no valor de dois salários mínimos, longe de fazer justiça à categoria conforme preconizam alguns políticos, é na verdade, muita farofa para pouca carne.