UM PRESENTE AO PLANETA TERRA
Sou inscrita no Greenpeace. Devo admitir que, em decorrência da correria do dia-a-dia, uma participante relapsa. Meu máximo de participação foi o ativismo pela Internet nas campanhas em prol da preservação ambiental do nosso mundo; nada obstante, simpatizante entusiasta e irredutível da causa.
É por causa disso que, ao assistir ao espetáculo macabro da devastação dos países da Ásia no ano retrasado, pela força combinada de um terremoto com um maremoto, vi-me compelida a esta reflexão sobre o assunto.
Já observaram como os meios de comunicação divulgam maciçamente estes episódios? Em termos de compreensão plena do acontecido, comparando com um onze de setembro, de cujas determinantes o público comum viu apenas a ponta do iceberg, num caso como o deste tsunami pode-se dizer que se fica à vontade para se oferecer explicações da tragédia. E a razão é simples: a culpa é do clima; um terremoto, o culpado! Sessenta mil mortos, e a culpa toda vem de um fenômeno ambiental: um terremoto seguido de um gigantesco maremoto. Fenômenos ambientais, contra os quais não dispomos de meios para “nos defendermos”; ou talvez a catástrofe seja uma possível manifestação de defesa da Mãe Terra. Pena que poucos a percebem como tal.
Nos dias que correm, no mundo inteiro, é facilmente observável que o meio-ambiente anda à matroca. Um Rio de Janeiro sem estações definidas: frio no verão; calor no inverno; quarenta e cinco graus de temperatura à sombra em certas épocas; tempestades devastadoras n’outros países em ocasiões imprevistas; nevascas inesperadas, pequenas ilhas sendo engolidas de uma hora para outra... Em se lançando um olhar de cima, a impressão que se tem é a de que o clima, realmente, vem enlouquecendo, na proporção do desgoverno das criaturas sobre o orbe, é claro; mas esta semelhança poucos a notam, ou não fazem a devida correlação, ou preferem não fazer.
No entanto, este lindo mundo azul é tudo que temos por ora, para bem cumprirmos nossa missão evolutiva, agindo com responsabilidade para que os nossos filhos também o façam. É a nossa casa, o nosso lar; se deixamos nosso ambiente doméstico entregue à incúria da desordem, com portas descerradas aos malfeitores, sem dedicar-lhe o devido amor e o merecido trato, não demorará muito para que as conseqüências lamentáveis do nosso desleixo nos colham de improviso, e sem tempo para a providência de medidas que nos valham. A sujeira dominará, oferecendo pasto à doença e ao mal estar geral dos que ali vivem; ladrões e malfeitores invadirão e promoverão o desespero e a baderna. E a culpa, de quem? Da própria baderna e do ambiente nocivo? Dos malfeitores que agirão livremente, à conta de parasitas nefastos, por causa do nosso descuido para com as trancas das portas?
Quem assim reflita dará mostras de lamentável insensatez, ou, quando não, de imperdoável cinismo para com a própria irresponsabilidade.
Pois é assim que vejo que se dá com o nosso planeta.
A intenção não é fazer alarmismo profético, senão ensejar oportuna reflexão, para que encaremos acontecimentos como este sob uma perspectiva mais ampla, que nos desperte para a urgência de que o nosso planeta vem padecendo de extremos maus tratos por dilatado tempo: poluição derivada dos gases tóxicos liberados pela indústria, cujos limites, de há muito, já extrapolaram; lixo arremessado indiscriminadamente em mares e oceanos, entre muitas outras coisas – cujos efeitos já são positivamente visíveis, e cujas conseqüências já se acham, infelizmente, por demais evidentes e mensuráveis.
Uma séria tomada de consciência para estas coisas seria presente inestimável ao nosso mundo, e às futuras gerações.
Confiando na Providência perenemente sábia que rege o universo, os mundos e todas as humanidades - contudo - vamos torcer para que já não seja tarde demais; para que as lamentáveis ocorrências da Ásia não sejam indício de um “estado de coma” ambiental, cujos efeitos sombrios já se achem completamente fora do nosso controle.
Com amor,