Saúde: uma partida de futebol!
O livro Integralidade e Saúde Mental, vem fazendo um histórico da Reforma Psiquiátrica no Brasil, a partir das reformas políticas organizacionais da saúde como um todo no país
Não se trata de uma crítica à reforma Psiquiátrica, mas uma análise de como ela se processa/desenvolver na sociedade que vivemos: as mudanças na saúde mental se enquadram na proposta do SUS, atual assistência pública de saúde, porém não se tornam efetivas o suficiente no contexto da complexidade que envolve os indivíduos acometidos por transtorno mental, principalmente os mais graves, tão pouco os profissionais de saúde, que passaram a participar, também, desse “cuidar”., desta assistência ao doente mental.
Somente a partir da compreensão de INTEGRALIDADE e implementação desta no dia-a-dia dos serviços de saúde, que poderemos vislumbrar resultados mais satisfatórios para a saúde mental.
E quando digo INTEGRALIDADE não me refiro apenas a questão de assistir ao indivíduo acometido por transtorno metal de forma holística, mas ,também, e principalmente a integralidade dos profissionais de saúde com os serviços e sociedade, e a integralidade entre os níveis de atenção à saúde.
É justamente, neste elo entre profissionais e serviços de saúde com a sociedade que se insere a possibilidade de desbancarmos o velho estigma da exclusão social do doente mental. Porém se nem mesmo os profissionais de saúde, não generalizando, conseguem de desprender dessas amarras, como conseguir propagar a mensagem da não exclusão à sociedade?
Se eu tiver que comparar a integralidade com alguma coisa mais prática para melhor ser compreendida por todos, certamente essa analogia será com um time de futebol, em uma partida deste esporte.
A atenção primária, aquela que promove a saúde, que cria estratégias de combate às doenças, que oferece a vitória á torcida seria o ataque. Os atacantes têm condições de reconhecer melhor o outro time, rodar todo o campo, reconhecer quando está indo bem ou mal com o grito da torcida, , perceber a falha do adversário e ali criar uma jogada.
Já a atenção secundária seria os zagueiros, que estão ali na defesa para que o gol do adversário não aconteça – no caso a doença. Isto interagindo com os atacantes que circulam ali na área, trazendo jogadas ( informações).
Porém as vezes a bola ultrapassa a barreira de zagueiros, então é hora do goleiro agir – a nossa atenção terciária, que já deve estar com toda a visão do jogo, observando o que os demais do time estão fazendo, a circulação deles, e visando segurar a bola, para que o ataque consiga levá-la para o outro campo.
Como na partida de futebol, o goleiro nunca fica isolado, tem junto de si os laterais ( serviços auxiliares educação, transporte, segurança), os zagueiros, os atacantes, o nível terciário também não deve ficar isolado, é a partir das informações da atenção primária, das jogadas dos atacantes, que ele ficará sabendo como será a melhor reinserção social de determinado doente mental.
Já repararam que em algumas partidas de futebol o goleiro fica aos berros orientando o time? Pois é, pedindo reforço, socorro para que seu trabalho seja facilitado, ele de onde está consegue ver as lacunas de seu time, e sente na pele o sufoco quando a bola se aproxima ( superlotação de Hospitais).
É assim que deve ser: os níveis de atenção à saúde jogando num mesmo time, um ouvindo o outro, auxiliando o outro, ou seja, INTEGRADOS, assim poderão dar uma resposta positiva à população, à sociedade, ou melhor à torcida.
Mas só conseguimos essa integralidade, se treinarmos, estudarmos estratégias, reconhecermos o campo em que vamos jogar, saber sobre o local que fica o campo e que será realizado o jogo, a temperatura, clima, recursos gerais, etc.
E isso não depende só do técnico ( governo) e dos jogadores, mas te todos os outros apoiadores. E na saúde Ester são toda a equipe da saúde, demais profissionais da sociedade, sem exceção, o governo. Mas principalmente o SER HUMANO em toda sua complexidade e integrado ao seu meio social.