Margarida Rebelo Pinto
Para quem não sabe, Margarida Rebelo Pinto é uma das escritoras que mais vende em Portugal, aliás, também vende muito bem no Brasil, aliás, é comparada por alguns jornalistas brasileiros ao Paulo Coelho. (OK, escrevi dois aliáses seguidos!) Eu só li um livro do Paulo Coelho e não acho que seja parecida, pese embora serem dois autores de best-sellers, muito apreciados pelo público leitor e desancados pela crítica. Aliás (mais um) a crítica especializada - que começa a estar em perigo de extinção - nem sequer os menciona. No entanto, tanto quanto sei, Paulo Coelho é membro da Academia Brasileira de Escritores (?). Margarida Rebelo Pinto, por enquanto, ainda está na fase de ser desancada pela crítica em geral. Ela merece? Não vou responder.
MRP e os Paulos Coelhos desta vida escrevem. Mas não escrevem literatura, seguramente. Escrevem literatura comercial, de massas, etc. e outras coisas que eu sei mas não digo (direi em breve), ou seja, escrevem entretenimento. Literatura de praia. Isto a propósito do último livro de MRP, "Português Suave", que está no 1º lugar do top de vendas, já esgotou a primeira edição e prepara-se para esgotar a segunda. Eu - que não devo andar boa da cabeça - já começo a achar piada às coisas que ela escreve. Ainda agora abri um livro dela, ao calhas, e desatei a rir:
«Isto não me pode estar a acontecer, é pior do que um filme do Almodóvar: a Maria do Carmo a pedir-me o divórcio. E por causa da minha irmã. Isso mesmo, da minha irmã. A minha mulher é lésbica e anda metida com a minha irmã. (...)» («Pessoas como nós»)
Ora bem, aqui está um bom conceito para escrever um livro de 200, 300 páginas, cheio de humor. Porém, a Guigui faz disto um episódio que intercala num pastelão onde a linguagem burlesca alterna com tragédias à séria ou, mais ou menos à séria, porque há aparentes tragédias contadas como quem conta uma anedota. Enfim! Retomemos o drama do pobre homem confrontado com o pedido de divórcio, que entretanto se pergunta, mas como é que eu não dei por nada e responde «Para dizer a verdade, não noto nada, tenho a cabeça noutros lugares mais agradáveis, como as mamas da Vanda». Bem e o que é que faz um homem que acaba de descobrir que a mulher é gay? Vai ver um «show lésbico», claro! Que mais havia de ser?
À parte isto, MRP pela-se por pôr os homens a falar de pequenas grandes coisas: as suas pilas:
«Eu sempre tive complexos com a minha pila. Quem é que não tem? Só o John Holmes. (...) A Verónica costuma dizer que a problemática da existência masculina gira em torno de três questões fundamentais: a relação que teve com a mãe, o tamanho da pila e o ego. (...) O tamanho da pila é muito importante para um homem, mesmo que aprenda a trabalhar com o que tem o melhor possível. (...) As mulheres são muito perigosas, porque tentam sempre convencer o homem com quem andam que ele tem a melhor pila do mundo.» (p.142,143) Pois, pois!
Penso não poder continuar a escrever, por dois motivos: 1º, não tenho tempo, 2º, se continuo a citar a MRP tenho que ir para os textos eróticos. Ora, não tenho a mínima pachorra para textos eróticos!
Off to work!