INVERSÃO DE VALORES
A referência a valores invertidos nesta época, geradora de profundas mundanças no comportamento e nas mentalidades, não se prende apenas aos caprichos e modismos da hora material que passa.
De fato, pouca ou nenhuma diferença faz para o espírito imortal que os avanços da tecnologia material ofereçam um exótico leque, infindável, de escolhas passíveis de afetar apenas as personalidades transitórias, e o contexto da ordem do dia.
Fascinado pelo espetáculo feérico oferecido pelo universo paralelo da informatização contemporânea, o ser humano preenche suas horas entre a navegação em chats de diálogo na internet, o passeio ao shopping superlotado com as novidades hipnóticas do comércio de consumo, e o entretenimento descompromissado da maior parte do conteúdo da programação televisiva. Nada obstante, também nisso vai exercendo sutilmente o seu livre arbítrio, quando a lei da sintonia, até nas coisas mais corriqueiras, o atrai para a atividade cotidiana afim àquelas energias mais íntimas, que lhe caracterizam o atual estágio de aprendizado do espírito. E é exatamente a partir deste ponto que os valores propriamente ditos começam a contar, e a delinear o perfil evolutivo de toda uma civilização.
Erro supor que a finalização drástica da civilização vigente incorreria em inversão dramática da realidade para todos, e na conversão deste ou daquele àquilo que julgamos como o mais apropriado para a composição da vida planetária. Porque em nenhuma hipótese finda a vida propriamente dita: se qualquer cataclismo pusesse fim ao enredo hodierno da hora que passa para toda a imensa quantidade de seres que agitam as nações de hoje, cada qual prosseguiria, noutros lugares ou dimensões, de modo semelhante ao seu repertório diário, segundo as escolhas vigentes neste mesmo minuto.
A lei da sintonia é draconiana, e é de senso comum que a natureza não dá saltos, também em cada um de nós. De modo que o apreciador das expressões da violência do momento não há de se afinizar de súbito com a tranqüilidade daquelas atividades todas voltadas para o enlevo do espírito. O admirador da música clássica não se voltará para a sonoridade destoante de muitos rítmos modernos, assim como a alma que se alimenta da impetuosidade agressiva dos esportes radicais na totalidade de seu tempo não se afinizará de abrupto com os exercícios meditativos da ioga.
Tudo nas realizações humanas vibra em consonância com a sincronicidade de freqüências individuais, de acordo com as leis de afinidade espiritual, na qual se constata toda a amorosidade e sabedoria do Criador ao delegar, a cada ser, a capacidade de criar seu próprio caminho segundo suas preferências e escolhas, a partir das quais compõe suas lições e seu aprendizado.
Nada obstante, segundo estas mesmas leis soberanas da Vida, há a perenidade evolutiva; o rumo certo, através do contraste, na direção da sublimação das nossa essência, para a tomada de consciência gradativa das realidades mais purificadas do universo. O impulso irresistível que governa, mesmo na inconsciência, desde o minério em seu estado bruto às expressões de sensibilidade embrionária nas plantas, e o ser humano ignaro do seu potencial angélico ao ser refinado na realização da sua herança única de Luz, propensa naturalmente às manifestações mais delicadas e sublimes da existência.
É da clareza desta percepção que se origina a noção da chamada inversão de valores; quando, através do ponto de efervescência evolutiva no qual a população encarnada e desencarnada do globo se encontra, o contraste entre a Luz e as expressões da inconsciência se torna gritante a um ponto em que um sem número de almas semi-despertas encontram ensejo de despertamento definitivo para aquilo que, inequívocamente, deve se concretizar, para a felicidade de todos os que já vêem valor na expressão exata da luz em cada ser humano, com suas correspondências de leveza, de amor e de alegria, reclamando, sem mais demora, ambiente propício a que enfim se manifestem definitivamente, rechaçando para sempre da atmosfera do planeta os flagelos do ódio e da inconsciência.
psicografado do Espírito Caio Fábio Quinto