A REPORTAGEM NO RÁDIO
A REPORTAGEM NO RÁDIO
A reportagem radiofônica se reveste de uma importância fundamental. Muitos cuidados devem ser observados durante a entrevista. Para isso se faz necessário a presença de um jornalista na coordenação das programações de rádio. O profissional do rádio chama-se radialista e sua importância para o sucesso de sua empresa de comunicação é fundamental. Ética, compromisso com os ouvintes e interação são pontos que não podem ser distorcidos. Numa rádio séria e com teor e programação jornalística todos fazem o papel de repórter ou são repórteres. Essas nuanças podem ser balizadas desde o proprietário da emissora, a quem está ou não diretamente ligado a captar e produzir notícias.
Os estudiosos em Comunicação classificam as emissoras de rádio em rádio quente ou viva e emissora burocrática ou anódina. Convém salientar que a palavra anódina tem como sinonímia de: “palavra derivada do grego granódynos, e do latim anodynu e tem como sentença adjetiva o que mitiga as dores (medicamento); acesódino, antalgésico, antálgico, paliativo, insignificante, medíocre. Que é pouco importante; secundário. Jamais desejaremos que uma emissora de rádio se encarte nessa classificação, mas apesar dos pesares, ainda a encontramos no ciclo radiofônico brasileiro.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, o prazo de concessão para serviço de radiodifusão sonora é de 10 anos e pode ser renovado pelo mesmo prazo por períodos sucessivos. O banco de dados da Anatel, que é também alimentado pelo Ministério das Comunicações, indica casos em que a validade das outorgas venceu há 11, 13 e até 17 anos. É inacreditável que isto esteja ocorrendo. As emissoras de rádio atualmente funcionam no sistema AM (Amplitude Modulada) – FM (Freqüência Modulada), e freqüência de ondas curtas, médias, ondas longas. O estúdio, onde é gerada a programação, é um sistema composto de diversas salas à prova de som, existem os mixers, ou misturadores, onde são harmonizadas as saídas das salas do estúdio e sala de controle para transmissão em cadeia se for o caso.
Quando a estação transmissora encontra-se distante do estúdio, um circuito especial (Chamado link) faz o enlace das duas, geralmente em Ultra Alta Freqüência, ou modernamente via satélite. Nas salas do estúdio estão os microfones, estes captam os sons emitidos, vozes, músicas ao vivo, etc. São enviados aos equipamentos de mixagem e editoração, depois aos pré-amplificadores, amplificadores, moduladores, estágios de potência e finalmente às antenas, para ser irradiados em forma de ondas eletromagnéticas, capazes de viajar pelo espaço a longas distâncias. A onda de radiofreqüência é a chamada onda portadora, no caso do AM, ou FM, pois em SSB não existe portadora, embora comumente não se use portadora suprimida para transmissão de radiodifusão.
Essa parafernália irá trazer benefícios e as reportagens e outros programas fluirão com mais dinamismo. Na reportagem o som deve ser o maislimpo possível, sem ruídos e chiados. O bom repórter não pode ser apelidado de segurador de microfone. Uma excelente reportagem deve ter sempre calma e cautela. Pare um pouco agora e leia com atenção as dicas a seguir, são elas: Preparar o ambiente, o coração em Deus, não deixe pra amanhã, capriche no título, deixe o visual atraente, cative o leitor no início, não deixe o conteúdo preso ao texto, seja original, parcial e pessoal, revise antes de publicar, finalize a reportagem e sucesso. Para escrever uma reportagem, preciso antes de qualquer coisa, sentar-me num local com um nível, no mínimo aceitável, de organização. Portanto, arrume bem o local aonde você vai escrever. Pense no que você vai precisar e deixe logo ao alcance para que não aconteça que venha a se dispersar várias vezes enquanto escreve e você acabe perdendo o “fio da meada” do que estava escrevendo.
Temos vários tipos de reportagens. A reportagem investigativa segundo Fred Vasconcelos tem 28 cuidados especiais para torná-la uma reportagem de peso e medida. 1. Antes de iniciar uma investigação, esteja certo de que a publicação para a qual trabalha tem interesse no tema e disposição para enfrentar resistências e coibir pressões. Esse cuidado aparentemente óbvio evita frustrações, desentendimentos posteriores com chefias e constrangimentos que poderão ser evitados. 2. É importante que haja compreensão dos riscos envolvidos e que seja assegurada a retaguarda jurídica para garantir ao repórter o exercício tranqüilo de seu trabalho. 3. As reportagens devem ser realizadas com todos os cuidados para se evitar contestações, seja por meio de cartas, de desmentidos oficiais ou em ações de indenização e processos criminais.
4. Processos contra jornalistas podem ser usados para abortar o tratamento de casos rumorosos pela imprensa ou para tentar desqualificar o profissional. 5. Ações de reparação movidas contra empresas jornalísticas têm um custo muito elevado, mesmo antes de eventual indenização. Na prática, esses processos obrigam o jornalista a fazer uma segunda apuração, reportagem que não será publicada. Se os cuidados preliminares não foram tomados, haverá o desconforto da busca de provas que deveriam ter sido obtidas antes da publicação, ou de solicitações incômodas para que revelações e afirmações obtidas off the recordes, em confiança, sejam repetidas formalmente perante um juiz. 6. Muitas vezes a imprensa "compra" a suposição de que as provas de um crime estão evidentes ou "vende" ao leitor a idéia de que essa comprovação virá na edição seguinte. Não são raras as reportagens a partir de simples depoimentos, sem provas, acenando com a perspectiva de que elas virão tão logo seja quebrado o sigilo dos suspeitos. Investigações preliminares tratadas como condenações públicas definitivas ajudam a alimentar a indústria das indenizações. Uma vez livres de inquéritos mal-instruídos, ou beneficiados por sentenças contraditórias, restará aos acusados "limpar o nome na praça" com ações de danos morais contra os jornalistas.
7. Ao tomar conhecimento de algum fato que mereça investigação, o jornalista deve procurar, antes de sair a campo, levantar todas as informações possíveis sobre o fato. Deve saber os eventuais interesses de quem está sugerindo a reportagem e avaliar se há interesse público no que será investigado. É importante saber a quem a reportagem prejudicará e quem será beneficiado com a divulgação dos fatos. 8. O repórter deve manter saudável distanciamento das fontes. Mesmo que os interesses sejam legítimos, a fonte original não deve exercer influência no processo de apuração e nas conclusões da reportagem. O jornalista não pode depender de uma única fonte. Mesmo confiando plenamente no seu informante, é saudável ouvir a opinião de outras pessoas de confiança. Se possível, obter avaliação neutra sem citar as partes envolvidas.
9. As denúncias devem ser tratadas como material preliminar para a investigação jornalística. Declarações, mesmo gravadas, podem ter efeito limitado. Uma afirmação feita ao jornalista pode não ser sustentada, depois, diante do delegado de um inquérito. Uma afirmação no inquérito pode ser refeita ou negada perante o juiz. 10. É recomendável pesquisar em outras publicações sobre os personagens centrais. Os casos apurados geralmente têm ramificações. Se for uma disputa judicial, é preciso conferir se há processos relacionados ao caso que não tenham sido informados ao jornalista. 11. É possível que chegue às mãos do repórter apenas uma peça de uma disputa mais ampla. Por isso, deve sempre ser feito um levantamento prévio de todos os envolvidos, consultando-se outros casos em que atuam os advogados das partes. Essa é uma forma de encontrar novas fontes, novos caminhos para uma matéria cuja apuração às vezes não avança.
12. O repórter deve pedir comprovante e cópias de documentos. É útil guardar tudo que não puder publicar. Sempre que possível, ter documentos na mão. Quando for recebido um documento por fax, tirar fotocópia e guardá-la. A cópia por fax costuma ficar ilegível. 13. Antes de começar uma entrevista, deve-se deixar bem claro o objetivo da reportagem. O entrevistado deve ter o tempo que for preciso para pensar, para voltar atrás, refazer suas respostas. É um direito seu. 14. Sempre se deve terminar uma entrevista perguntando ao entrevistado se ele gostaria de acrescentar alguma coisa que não tenha sido questionada pelo repórter. 15. Deve-se pedir ao entrevistado que diga claramente qual o ponto que considera mais importante a ser ressaltado ou a afirmação que julgue mais relevante. É a opinião dele que deve prevalecer. 16. O jornalista deve guardar as fitas de gravações e sempre pedir permissão para gravar. A recusa à gravação pode ser um indicador da firmeza, ou não, de sua fonte ou de seu entrevistado. Costumo perguntar se a fonte ou o entrevistado sustentaria em juízo a informação ou opinião que me está passando. A reação ajudará a sopesar os fatos.
17. O repórter deve prestar muita atenção às datas. As contradições às vezes surgem na análise de detalhes. Recomenda-se ler e reler o material levantado, mesmo depois de publicada a primeira reportagem. 18. É importante trabalhar de forma organizada, registrando horário e datas de telefonemas e entrevistas. Considerando a possibilidade de processos futuros, é essencial poder comprovar as várias iniciativas tomadas para ouvir a parte contrária antes da publicação da reportagem. 19. As melhores reportagens são as mais equilibradas. A não ser nos casos em que essa prática impeça a apuração, quanto mais cedo o jornalista procurar o "outro lado", mais amplo será o contraditório. Se a reportagem é relevante e exclusiva, o repórter deve permitir à parte acusada tempo suficiente para levantar informações, documentos. Esse cuidado servirá também para mostrar que o jornalista agiu de boa fé, dado essencial se houver um processo. 20. Se não conseguir ouvir a parte contrária, o jornalista deve procurar os advogados dos acusados. Se não tiver êxito, é prudente procurar manifestações anteriores em favor dos acusados ou a opinião de amigos dos acusados. 21. Ao redigir o texto, não se devem fazer acusações. É importante consultar especialistas, que poderão emitir pareceres. Deve ser pedida avaliação a mais de um profissional. É conveniente evitar adjetivos.
22. O repórter só deve escrever quando tiver total conhecimento sobre os fatos a serem reportados. Havendo dúvidas, deverá voltar a consultar as fontes. 23. É recomendável consultar advogados para identificar pontos vulneráveis no texto. Expressões e formas de relatar os fatos podem ser substituídas no texto sem comprometer a reportagem. 24. Uma segunda leitura, feita por um colega da redação, sempre pode ajudar o repórter a tornar o texto mais claro e a eliminar duplas interpretações. 25. O repórter deve ajudar o seu editor, entregando o texto com sugestões de títulos, subtítulos e legendas de fotos. Muitas vezes os processos são movidos por causa de pequenos descuidos em títulos, artes ou em quadros explicativos. 26. O jornalista deve procurar ouvir a parte atingida tão logo a reportagem seja publicada. Além de demonstração de zelo, boa-fé e disposição para retificações, essa iniciativa pode manter a exclusividade na retomada do assunto. Se os procedimentos foram corretos na fase anterior, o acusado vai preferir que a sua versão esteja no dia seguinte na mesma publicação. 27. Deve-se sempre manter a isenção, deixar claro que o trabalho é impessoal. Quanto mais espaço para garantir o contraditório, menor a possibilidade de a reportagem vir a ser interpretada como perseguição. 28. Finalmente, deve-se estabelecer como meta realizar reportagens tão bem apuradas e equilibradas que desestimulem desmentidos, no dia seguinte, ou ações judiciais no futuro. Se, depois desses cuidados todos, ficarem comprovado o erro, o jornalista deve admitir o fato com naturalidade e honestidade e assumir sua responsabilidade. (fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha). Siga estas exemplificações e seja um grande repórter e eleve bem alto o nome de sua emissora. O repórter trabalha com amor, dedicação e responsabilidade. Sem esses requisitos não haverá sucesso. Avante companheiros. A comunicação espera por vocês.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI-ALOMERCE E AOUVIRCE