Falsa Solidariedade.
Recebi email ensinando a burlar o bafômetro, driblando a Lei Seca, permitindo assim algumas cervejas a mais nas noites de sexta feira. Não sei se a dica, ensinada por um estudante de Química, é verídica, no entanto, forçoso é considerar grave aspecto: se for real a dica para driblar o bafômetro o autor está trabalhando contra a sociedade ao proporcionar meios de burlar uma lei que vem, notadamente, contribuindo para a diminuição nas mortes e nos acidentes de trânsito. E o mais complicado da situação é que o estudante considera sua atitude um ato bondoso, uma autêntica demonstração de solidariedade. Acredito que se porta dessa maneira porque nunca teve parente ou amigo vitimado pela dobradinha: álcool x gasolina.
Sem contar que os prejuízos provocados pelos acidentes de trânsito, que tem o álcool como um de seus protagonistas, chegam a custar anualmente 22 milhões de reais aos cofres públicos.
Fato é que após a implantação da Lei Seca o número de acidentes e de mortes no trânsito teve sensível queda. Na capital paulista, segundo dados do Instituto Médico Legal, houve uma redução de 57% no número de mortes em se comparando com os três últimos finais de semana em que a Lei ainda não vigorava. Em Aracaju houve redução de 15% no número de acidentes de trânsito. Números animadores, caro leitor. Se houver fiscalização a Lei pode engrenar e dar grande contribuição à sociedade. Ora, meu caro amigo, se você não fica sem sua “cervejinha”, tome-a dentro de sua casa e depois vá direto para a cama, ou então, a depender de seu estado de embriaguez, para o chuveiro curar a bebedeira. Nada de volante, porque carros em mãos irresponsáveis são armas que causam tristeza e desolação há muita gente.
Portanto, se o e mail enviado por este estudante de Química for verídico ele está praticando o que pode ser denominado de Falsa Solidariedade, que, aliás, ocorre também em outras situações, como, por exemplo, quando um motorista dá luz ao outro indicando que há polícia no caminho. Ora, é Falsa Solidariedade, porquanto se no carro que recebe o sinal de luz há algum criminoso fugindo da justiça, certamente dará meia volta, mudando seu trajeto e, conseqüentemente, escapando da blitz.
Se queremos ser solidários de fato há infinitas formas para esse mister. Não é tentando burlar as leis e trabalhando contra a polícia que demonstraremos nossa solidariedade ao semelhante. Quer mesmo ser solidário? Ajude a si mesmo, melhore-se, progrida, estude, quebre a dureza que impera no coração, engaje-se em trabalho voluntário. Quer ser solidário? Visite um orfanato, um lar de idosos, empreste os ouvidos a quem tem problemas. Quer ser solidário? Não alimente o vício seu ou do próximo.
Quer ser solidário? Não repasse e mail com conteúdo duvidoso que possa trazer, mesmo que minimamente, algum mal ao semelhante.
Quer mesmo ser solidário? Pergunte a si mesmo se sua iniciativa irá melhorar a vida de alguém.
Pensemos nisso.