PASTORINHAS - RESGATE CULTURAL
Santo Antônio do Muqui, Distrito de Mimoso do Sul - Espiríto Santo. Localizado no Sul de Vitória/Capital, 18 Km de Mimoso e 191 Km de Vitória. Sua história inicia nos anos de 1912, quando herdeiros da Fazenda Santa Cruz fêz a doação de terras para a construção do Patrimônio da capale de Santo Antônio.
Santo Antônio do Muqui tem suas características rurais; com a economia no cultivo do café, da banana e na criação de gado leiteiro. A religiosidade da população predomina em torno de um calendário repleto de manifestações, são comemorações que buscam reviver sua história, ás quais sublinham um acolhedor reencontro e ao modo de viver.
Bastantes são os roteiros culturais/folclóricos que predominam até a data atual, posso citar, as coroações de maio, a festa de seu padroeiro, 13 de junho, com vasto roteiro folclorico: Pau-de-sebo, quadrilha junina, fogueia, caxambu, boi-pintadinho, mula-sem-cabeça, jaguá, os leilões de prendas, folia de reis e Pastorinhas, que abaixo descrevo:
Antes mesmo dos anos 1912 já se faziam essa apresentação, a partir de 1914. começou a ser mais organizada, tendo sua mestra. Com a doação do sino para a capela no mes de dezembro, foi criada o movimento Pastorinhas, e nascendo assim uma personagem "Sino Natal", e outras figuras de destraques foram intercaladas. Essa encenação ocorreu no dia 24 de dezembro do ano de 1914. Os personagens de destaques foi inspirados em referências locais, cada um deles recebendo vida, por meio de cantos, gestos, vestimentas e emoções. São nove, a parte maior do sexo feminino: Sino Natal, Flor de Amor, Borboleta, Cigana, Jardineira e Riso Ideal. Quanto a representação masculina temos, Piaca-Pau, Papai Noel e o Anjo da Guarda.
O Anjo da Guarda, personagem principal, o Sino Natal, figura justa, daquela inauguração, o Riso Ideal, em alusão a uma planta, (nome vulgar Cipó Chumbo) da familia risópoli, que apareciam e alimentavam dos pés de assa-peixes, próximo da capela em fase de construção. A Jardineira, por ser habitante da vila e possuir um lindo jardim; a Borboleta, que voava em meio as rosas e trepadeiras desse mesmo jardim; a Flôr do Amor, representando uma moça chamada Florisbela que, segundo a tradição local foi muito infeliz no amor;o Pica-Pau, por existir bastantes pássaros na região, dessa especie. A Cigana, motivado pelo bando de ciganos que acampavam nos arredores da vila anualmente e, por fim, Papai Noel, personagem recorrente em festejos natalinos.
Formam duas filas, paralelas, uma o cordão azul a outra o cordão vermelho. Registram que as cores são também portadoras de significados: a cor azul quer dizer, a mais limpa e mais profunda simboliza a pureza do menino que acabara de nascer, além disso significa também desapego dos valores terrenos e simboliza a transcendência e a imortalidade.
A cor vermelha, é a cor da vida, do sol incandescente, do fogo, do amor, e a cor da maior penetração e faz o sangue circular, vermelho também é a cor do coração.
As duas filas, ora de pé, ora de joelhos, cantam, gesticulam e batem palmas. As personagens do Anjo de Guarda, Sino de Natal, Jardineira, Flor doAmor e Papai Noel fazem parte do cordão vermelho, lado direito; enquanto o Pica-Pau, Borboleta, Riso Ideal e a Cigana fazem parte do cordão Azul, lado esquerdo, Figuras essas intercaladas no cordão azul e vermelho.
Obedecem a uma determinada ordem de entrada, anunciada pelo coro das pastorinhas.
O Anjo da Guarda é o primeiro a se apresentar, seguido pelo Sino Natal, Riso Ideal, Flor de Amor, Pica-Pau, Jardineira, Borboleta, Cigana e, por último, Papai Noel.
Os cordões em paralelos colocam no sentido de fé, diante do presépio iluminado pela estrela de Belém, que acolhe o menino Jesus, Maria, São José, Os Reis Magos e Anjos.
Todos os figurinos, cuidadosamente preparados, individualiza os participantes.
As Pastorinhas, cordão azul e o vermelho, encontram-se descalças e vestem calça e blusa branca, faixa na cintura e no chapéu de palha, conforme dito, nas cores vermelha e azul.
As letras das canções, de natureza apologética e que enfatizam a vila de Santo Antônio, foram escreitas por volta de 1914 por Dona Honorina Lopes Barbosa.
Todosx os anos, os ensaios começam a acontecer sempre em novembro e prosseguema até á noite do dia 24 dezembro.
Sonia Maria Amado Vivas, vem sendo a Mestra desse magnifico evento cultural religioso. Foi apresentado para reportagem à Fundação de Arte de Ouro Preto - FAOP, com apoio do SEBRAE-ES, onde fez o lançamento do Catalogo, "Resgate Cultural da Bacia do Rio Itabapoana".